O que a escola não nos ensinou

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Crónica VI: Como a caridade católica mudou o mundo

Maria Susana Mexia, Professora de Filosofia

«No início do século IV, a fome e a doença assolavam o exército do Imperador Constantino.

Pacómio, um soldado pagão, observava com assombro como muitos dos seus companheiros romanos ofereciam comida e assistência aos que precisavam de ajuda, socorrendo-os sem qualquer discriminação.

Cheio de curiosidade, quis saber quem eram essas pessoas e descobriu que eram cristãos. Que tipo de religião era aquela, admirou-se, que podia inspirar tais actos de generosidade e humanidade?

Começou a instruir-se na fé e, antes de o perceber já estava a caminho da conversão.»

Ao longo dos séculos este sentimento de caridade católica foi-se desenvolvendo e enraizando, inspirado nos ensinamentos de Jesus Cristo, “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei” e assim todos saberão que sois Meus discípulos.

A prática de oferecer comida e apoio aos pobres começou cedo na história da Igreja.

Os próprios Padres da Igreja, não descuidando o ensino e a erudição, também se dedicaram pessoalmente ao serviço dos outros.

Santo Agostinho fundou um albergue para peregrinos e escravos em fuga e distribuiu roupas aos mais pobres; São João Crisóstomo fundou uma série de hospitais em Constantinopla; São Cipriano e Santo Efrém empenharam-se em promover obras de assistência em tempos de fome e de epidemias.

No fim do século IV, a Igreja começou a patrocinar a fundação de hospitais em larga escala, de tal modo que quase todas as principais cidades tinham um.

«Após a queda do Império Romano, os mosteiros tornaram-se gradualmente provedores de serviços médicos organizados, dos quais não se dispôs por vários séculos em nenhum lugar da Europa.

Dada a sua organização o localização, essas instituições eram virtuais oásis de ordem, piedade e estabilidade, que favoreciam a cura.

Para prestar esses cuidados práticos, os mosteiros tornaram-se também lugares de ensino médico entre os séculos V e X, o período clássico da assim chamada medicina monástica.

Durante o renascimento carolíngio dos anos 800, os mosteiros também despontaram como principais centros de estudo e transmissão dos antigos textos médicos». (…)

As ordens militares, fundadas durante as cruzadas, administravam hospitais por toda a Europa. Uma dessas ordens, a dos Cavaleiros de São João ou hospitaleiros, que mais tarde se veio a tornar na Ordem de Malta.

Na Idade Média foi muito comum dar comida e abrigo aos trabalhadores, tratar com caridade os desafortunados e aliviá-los das doenças, das pragas e da fome.

Os beneditinos, os cistercienses e o premonstratenses, assim como mais tarde as ordens mendicantes – franciscanos e dominicanos – distinguiram-se pelo zelo com que se dedicavam às obras de caridade.

Embora os livros escolares ainda o não mencionem, o certo é que a Igreja Católica revolucionou a pratica das obras de caridade, tanto no seu espirito como na sua aplicação. (continua)

*Texto inspirado no livro: COMO A IGREJA CATÓLICA CONSTRUIU A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL de THOMAS E. WOODS JR.

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