Uma estratégia: Aborto e Eutanásia
O regresso da estratégia mundial da cultura da morte
Margaret Sanger (1883-1966), norte-americana de pais irlandeses, foi a precursora do movimento a favor do controle de natalidade.
Filha de um livre-pensador que pertencia à “Escola Eugénica”, Margaret começou, no colégio, a ler os livros da feminista sueca Ellen Key, em especial “O Movimento da Mulher”, pelo qual formulou as “suas ideias acerca da feminilidade e do matrimónio, desenvolvendo a perspectiva de que ‘ao eu interno deveria ser permitida uma plena liberdade de expressão e desenvolvimento’, e que só a satisfação sexual individual, não a lei ou a tradição, podia tornar santo o matrimónio, já que ‘o amor físico’ é ‘um imperativo mais elevado que a mera lei’”.
Considerava ainda que ‘o leito conjugal é a influência mais degenerante na ordem social’, e começou a defender uma ‘associação voluntária’ entre os parceiros sexuais.
Da amizade com Havelock Ellis, sexólogo partidário da eugenia, consolida a sua posição favorável a esta corrente de pensamento, cujo nome fora imposto por Francis Galton, que sustentava teorias racistas para justificar a “eugenia” ou “bom nascimento”, pensando que “na natureza os mais ricos afirmam que são os melhores porque têm um património genético melhor, e os pobres são o fracasso, são os mais débeis, por isso devem ser eliminados. Favorecer a transmissão da vida entre os mais dotados e intervir para impedir a transmissão da vida entre os mais pobres”.
Em 1916, Margaret Sanger abriu a sua primeira clínica para o controle de natalidade, com slogans como “Os seres sãos devem procurar procriar abundantemente e os ineptos devem abster-se… este é o principal objetivo do controle da natalidade” e “o controle dos nascimentos facilitará a criação de uma raça superior”.
Em 1921 fundou a Liga Norte-americana para o Controle da Natalidade (mais conhecida como Birth Control).
A mente eugénica desenvolveu-se impondo a “cultura de morte”, uma estratégia política mundial sob forma de controlo do crescimento da população, mas cujo objectivo é criar uma nova ordem social a partir da desconstrução da cultura cristã, alterando os conceitos de dignidade da vida, de estrutura familiar, de complementaridade sexual e fomentando um novo modelo de ser humano.
Fruto de doutrinas filosóficas desconstrtivas, económicas e políticas, o conceito de dignidade da vida tem vindo a ser medido pelo valor da eficácia e da utilidade, por conseguinte, nos momentos mais vulneráveis da existência, como o nascimento e a morte, a devida protecção é substituída por um alegado novo direito de liberdade individual, no qual o individuo se considera com poder para eliminar o outro, o mais frágil e carenciado de protecção e apoio.
Promover e legalizar o aborto, não obstante a ciência provar a vida do bebé nascituro com ecografias onde está patente esta verdade; insistindo na legalização da eutanásia, quando a medicina de todo o mundo se opõe com recursos éticos de dignidade profissional, alegando ainda a necessidade imperiosa de cuidados médicos para os casos mais difíceis; impondo a ideologia de género nas escolas e a sexualização de crianças, entre outros meios de manipulação da sociedade, nomeadamente através dos media, preparados para apoiar e passar a mensagem desta ideologia de destruição.
Passando por várias etapas a implantação do aborto e da Cultura da Morte foi iniciada em 1952, com o apoio do mega-bilionário Jonh Rockefeller III, que fundou em Nova Iorque, o Conselho Populacional com a finalidade de implementar políticas internacionais de controlo de crescimento populacional. Porém o seu fim principal era a implementação duma nova ditadura mundial com consequente destruição dos Direitos Humanos, considerados como intocáveis, na medida em que não foram concedidos por ninguém, mas são uma prerrogativa de todo o ser humano.
Seguiu-se uma nova estratégia em 1990, ainda que em preparação desde meados dos anos 70, a qual continua activa e em execução nos países em que o aborto já está legalizado.
A última etapa preparada desde 2002, foi divulgada a nível mundial em Maio de 2012, e deverá ser implementada até 2030, nos países que se têm recusado a aceitar a Cultura da Morte.
Na década de 90, a Fundação Ford aliou-se a Rockefeller e criaram a política mundial dos direitos sexuais e reprodutivos, implementando a contracepção com caracter de emergência.
Desmotivar as pessoas para terem filhos, legalizar o aborto, alterar os comportamentos sociais, promover a degradação feminina e a imoralidade nas relações sexuais foi também uma estratégia utilizada com a ajuda de grupos feministas financiados por várias ONGs criadas para este fim.
A ONU aderiu ao programa estabelecido e participou nas Conferências do Cairo em 1994, de Pequim em 1995 e de Glen Cove em 1996.
Com o patrocínio de muitos lobbies e grupos de pressão, com muita chantagem e terminologia enganadora, a vitória da Cultura de Morte abrangeu toda a terra, nomeadamente África, Ásia e América Latina.
Desde que as democracias modernas não reconhecem a diferença essencial entre os Direitos Humanos e a legislação positiva, estão instaladas as condições para um estado totalitário que não reconhece a existência de direitos anteriores e superiores à sua autoridade, ao seu poder absoluto.
Nestas circunstâncias o chamado estado laico assume-se como um deus que tem o poder de decidir sobre a vida e a morte da humanidade, fomentando uma mentalidade mortífera e desconstrutiva da vida e uma cultura de genocídio a nível mundial.
Recordemos que a Igreja se apercebeu destas mudanças bruscas nos anos 60 e de como se estavam a agravar num continuum imparável, numa crescente desconstrução activamente promovida dentro e fora da Igreja, influenciando o mundo inteiro visando a demolição de valores ancestrais.
O Papa Paulo VI, em 25 de Julho de 1968, na sua encíclica Humanae Vitae, deixou claro a imoralidade dos métodos de controlo de natalidade, nomeadamente o intrauterino, que se espalhavam pelo mundo como uma onda avassaladora e surpreendente.
Em 25 de julho de 1995, João Paulo II, alertou a Igreja acerca de uma realidade que se fixou depois dos anos 60 e que se agravou de forma ininterrupta.
A encíclica Evangelium Vitae analisa e, ao mesmo tempo, alerta sobre a situação cultural que se impunha com a finalidade de se opor aos valores da vida e da família.
Podemos perceber, tanto em Paulo VI, como em João Paulo II, que algo de grave estava a acontecer no mundo, e não era fruto de uma onda espontânea de “evolução” como muitos nos querem convencer.
É toda uma civilização que está em risco, em nome da liberdade temos políticas que oferecem a morte, a separação da família e a destruição dos mais frágeis quer no início, quer no fim da vida.
Desvirtuada a diferença entre o bem e o mal, negada a dignidade ao Homem e ignorando e existência de um Ser Superior, instala-se uma engenharia social demente e degenerativa, um Socialismo Ideológico Radical rumo a uma Nova Ordem Mundial.
*Maria Susana Mexia