Recolhimento: um ponto necessário no nosso caminho diário

 Recolhimento: um ponto necessário no nosso caminho diário
Catarina Patrício – Médica

A minha caminhada pelo Opus Dei é recente. Sempre fui católica, mas vivia a fé “à minha maneira” … ia à missa de vez em quando, apesar de rezar diariamente, e a força das minhas orações revelava-se sobretudo nas horas de maior necessidade.

Ao conhecer o meu marido, isto mudou. Pouco tempo depois de começarmos a namorar, revelou-me que era cooperador do Opus Dei; que foi a fé e a bondade dos padres com quem falou que o tinham salvo numa altura particularmente complicada da sua vida. Na altura, por algum desconhecimento, fiquei num misto de emoções, entre surpreendida, assustada, intrigada… que quereria afinal dizer isso? Ainda que receosa, permiti-me conhecer um pouco mais do seu mundo. Levou-me a aprofundar mais a fé, a conhecer amigos com os mesmos valores, que se tornaram meus amigos também… pessoas de uma entrega e generosidade como nunca tinha conhecido antes. Tornaram-se numa espécie de porto seguro e exemplo no que toca à fé, à família, ao matrimónio, à integridade e ao respeito pelo outro. Dei por mim a ter prazer na oração, na Santa Missa, e tranquilidade quando me recolhia para rezar.

A azáfama do dia-a-dia, as mil e uma solicitações enquanto mãe, mulher e profissional, por vezes fazem-me esquecer a importância deste ponto do Caminho: “Recolhe-te – Procura Deus em ti e escuta-O” (ponto 319). Há muitos dias em que me sinto a desviar do caminho, a questionar a minha própria fé. Recordo-me sempre da impressionante homilia do Papa Francisco, na Praça de São Pedro, quando a atravessou só, na época de grande pico da pandemia da COVID-19: “Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”. Já vivi situações em que a necessidade de me recolher para encontrar respostas e paz para aceitar as circunstâncias que não estão no meu controlo, foi determinante, mas difícil. A morte dum namorado, das filhas recém-nascidas de uma grande amiga, 2 abortos sofridos, as doenças terminais com que diariamente sou confrontada enquanto médica e que desabam em famílias causando grande sofrimento, a minha falta de tolerância por vezes para com os que me são mais próximos. Recolher-me e escutá-Lo ajuda-me a seguir em frente nestes momentos, porque “Deus sabe mais” e ama-nos incondicionalmente.

Se pensarmos bem, o próprio Jesus sentiu necessidade de Se recolher, de entrar a fundo na Sua alma para enfrentar a terrível prova da Paixão. Quando os príncipes dos sacerdotes e os fariseus se reuniram em conselho e decidiram matá-Lo com medo que destruísse a nação, Nosso Senhor refugiou-Se com os Seus discípulos numa região próxima do deserto chamada Efraim para Se preparar. A par deste exemplo, também nós podemos pensar que devemos escutá-Lo e recolher-nos à Sua semelhança, livres de muitas distracções que actualmente invadem os nossos dias como os novos meios de comunicação e, sobretudo, às ligações à Internet. Gosto particularmente de usar uma pequena oração de D. Álvaro (primeiro sucessor de São Josemaria) para chegar até Deus:

Obrigada, perdão e ajuda-me mais”.

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