Maria facilita o nosso caminho para Jesus

 Maria facilita o nosso caminho para Jesus
Maria Helena Paes
Maria Helena Paes

Nada mais bonito do que no mês do Rosário que é dedicado a Nossa Senhora visitar uma Igreja dedicada a uma das suas invocações. Hoje decidi visitar a Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa, local onde fui batizada há muitos anos, precisamente no dia 26 de maio. Durante algum tempo, quando pensava na cerimónia do batismo, apesar de ser uma criança muito pequena, vinha-me sempre ao pensamento a imagem de Jesus Morto na base do altar. É quase tudo o que recordo, além do adro da igreja com uma paisagem linda. Os meus padrinhos e tios, por um motivo que desconheço, atrasaram-se tendo havido um ligeiro compasso de espera. Sentia a necessidade de voltar a essa Igreja, para agradecer este sacramento e entender o porquê desta imagem de Jesus tão presente no meu pensamento. Ao visitá-la tantos anos mais tarde face a ter vivido fora da cidade de Lisboa, onde nasci, talvez permitisse entender a sua causa.

O altar de Nossa Senhora da Graça, orago do convento e da igreja, decorada com símbolos marianos, incluindo a Coroação da Virgem pela Santíssima Trindade no teto, situava-se ao lado esquerdo do altar-mor, com uma imagem de Cristo morto num caixão de vidro transparente na sua base. A pia batismal ficava bem perto. Mistério desvendado. Devo ter ficado sentada perto enquanto aguardava a vinda dos padrinhos, ao lado da avó Isabel que, apercebendo-se como me encontrava impressionada, ao perguntar-lhe, a chorar, se Jesus estava morto, deu-me a mão carinhosamente tendo-me levado para o adro da igreja, onde permaneci na sua companhia até chegarem os meus padrinhos.

Fiquei muito feliz por ter tido a possibilidade de vir a esta igreja e por ter revivido o contexto de então, em atitude de agradecimento, por ter sido batizada nesta Igreja tão bonita, rica em história e pródiga em acontecimentos, edificada num dos mais deslumbrantes miradouros da cidade de Lisboa, tendo ao seu lado o convento de Nossa Senhora da Graça, que foi casa principal da Ordem dos Agostinhos portugueses, alguns deles notáveis pela sua santidade.

O convento dedicado a Santo Agostinho (1291), foi consagrado a Nossa Senhora da Graça em 1305. A igreja e o convento foram reedificados em 1556 e constituíam um dos mais belos e ricos conjuntos do país. O terramoto de 1755 teve um efeito devastador em todo o edifício, provocando a sua derrocada parcial, começando a ser reconstruida em 1765. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento é suprimido e ocupado por militares. Em 1835, o templo passou a Igreja paroquial. Concluída a edificação da igreja entre 1895 e 1905, esta abre solenemente ao culto a 18 de Julho de 1905. Foram ainda feitas importantes obras de restauro no segundo quartel do séc. XX neste belíssimo conjunto monumental que alberga um dos mais valiosos tesouros do nosso património religioso, artístico e cultural. A devoção a Nossa Senhora da Graça é muito antiga entre os religiosos agostinhos. Em Portugal, pelo aparecimento de uma Nossa Senhora com o Menino, nas redes dos pescadores de Cascais, a 14 de Agosto de 1362. A imagem foi transportada processionalmente para o convento agostiniano de Lisboa, dando origem a uma profunda devoção que ainda perdura. Torna-se impossível descrever toda a sua história e riqueza pelo que recomendo vivamente uma futura visita. Da minha parte voltarei novamente com maior disponibilidade.

Tinha agendado para esse dia ver o filme denominado: “FÁTIMA”, realizado por Marco Pontecorvo. A sua realização ontou com o apoio do Santuário de Fátima, e foi inspirado nas memórias da Irmã Lúcia que, a dada altura, referiu humildemente: “Não fiz o suficiente para agradar à minha Mãe”. Fiquei igualmente sensibilizada com a sua frase: “Eu acredito, eu tenho esperança, eu amo a Deus”. Também me tocou a frase enunciada no filme da autoria de Albert Einstein: “Só há dois modos de viver a vida. A primeira é viver como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse um milagre”. Durante todo o filme fiquei colada ao assento, emocionada, a reviver todos os acontecimentos sucedidos, e como os três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, constituem um exemplo de amor a Deus, à nossa Mãe do Céu e ao próximo. Também de santidade, já que Francisco e Jacinta Marto foram canonizados a 13 de Maio de 2017 no Santuário de Fátima, pelo Papa Francisco, no ano em que se celebrava o centenário das aparições, cerimónia a que tive a graça de assistir. Foram crianças de tenra idade, que se entregaram a Deus com um enorme espírito de sacrifício pela conversão dos pecadores, e amor a “Jesus escondido”, sendo hoje santos de altar. O exemplo destas crianças atravessa todas as etapas da vida espiritual de cada um de nós. Graças ao seu “fiat”, hoje Fátima é um Santuário Mariano onde acorrem peregrinos de todo o mundo em oração com uma enorme devoção a Nossa Senhora de Fátima. Na Capelinha das Aparições reza-se o terço várias vezes ao dia, em várias línguas, como a Virgem Maria pedira à Irmã Lúcia: “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias”.

E o filme termina de uma forma sublime com o cantor lírico Andrea Bocelli a cantar “Gloria To The Gift of Life”, (Glória Pelo Dom da Vida). “Pelo ar que respiramos; pelas lágrimas que choramos; pelo que rimos; por cada melodia…; gloria, gloria, gloria, gloria, por um amor eterno sempre agradecido”.

Na verdade, Maria facilita o nosso caminho para Jesus o que predispõe Jesus a aceitar-nos como somos e a perdoar as nossas fragilidades. Concluo este artigo recordando a frase da Virgem Maria: “Faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Também do Papa Francisco “Sob a proteção de Maria, sejamos no mundo, sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus… e descobrir o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica de amor”. “Temos Mãe. Agarrados a Ela como filhos vivamos da esperança…, a alavanca da vida de todos nós”.

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