“Errare humanum est”
A Chama Olímpica ou Tocha Olímpica é um dos símbolos dos Jogos Olímpicos, e evoca o Mito de Prometeu* que teria roubado o fogo da forja de Hefesto para o entregar aos mortais.
Durante a celebração dos Jogos Olímpicos antigos, em Olímpia, mantinha-se aceso um fogo que ardia enquanto durassem as competições.
Prometeu era um dos titãs, uma raça gigantesca, que habitou a terra antes do homem. Ele e seu irmão Epimeteu foram incumbidos de fazer o homem e assegurar-lhe, e aos outros animais, todas as faculdades necessárias à sua preservação.
Epimeteu fez os animais atribuindo-lhes dons variados como a força, a coragem, a velocidade, presas, garras, asas e agilidade.
Quando chegou a vez dos seres humanos, criados a partir do barro, não restava mais nenhuma característica para destinar ao ser humano.
O titã Epimeteu contou o sucedido ao seu irmão Prometeu que se compadeceu da humanidade, e foi roubar o fogo dos deuses para o conceder aos homens e mulheres mortais, facto que lhes deu vantagens em relação aos outros animais.
Quando Zeus, o deus dos deuses, descobriu ficou terrivelmente irado e o titã foi punido com um dos piores castigos da mitologia grega. Foi acorrentado no topo do Monte Cáucaso por Hefesto, deus da metalurgia.
Diariamente uma águia surgia para comer o fígado de Prometeu. Durante a noite, o órgão regenerava-se e, no dia seguinte, o pássaro voltava para o devorar novamente. Por ser imortal, Prometeu permaneceu acorrentado por muitas e muitas gerações, até que o herói Héracles o libertou.
Antes de ser castigado, Prometeu avisou o seu irmão Epimeteu para que não aceitasse nenhum presente vindo dos deuses. Mas Epimeteu casou-se com Pandora, uma bela mulher que foi uma oferta dos deuses e trouxe muitos males à humanidade.
Podemos considerar esta passagem de modo simbólico, recordando como o fogo foi um marco importante na história da humanidade, da sua evolução e consequente adaptação humana. Além disso, o fogo tem ainda um simbolismo espiritual.
Nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, uma chama era tradicionalmente acesa em homenagem à Hera, esposa de Zeus, e mantida durante toda a duração dos jogos.
A tocha olímpica é um dos mais conhecidos símbolos das Olimpíadas.
A mitologia grega é rica em exemplos, advertências e ensinamentos que, não obstante os milénios que nos separam destas “histórias” pagãs, muito temos a aprender com elas.
Lamentavelmente no início das Olimpíadas em Paris estas origens históricas foram ignoradas e confundidas com a Criação.
Zeus, Prometeu e outros deuses, foram abusivamente substituídos por um quadro que aludia à última Ceia de Jesus Cristo, no cenáculo, com os seus Apóstolos.
Sendo os deuses gregos muito vingativos com os homens que os ignoram ou os ofendem, receio bem que os autores desta troca corram risco na medida em que ignorando o verdadeiro simbolismo da tocha olímpica, que nos remete para a Grécia antiga, mais precisamente, para a cidade de Olimpia, junto da qual habitavam as divindades, o tenham substituído pela deturpação da última Ceia de Jesus Cristo em Jerusalém, o qual nada tem a ver com o seu património artístico, cultural e religioso.
Trocar símbolos com consequentes significados históricos, mitológicos, simbólicos, religiosos e geográficos poderá ser humano, um erro que, eventualmente, possa vir a acontecer…
Mas se errar é humano, corrigir-se poderá ser divino. Muito vingativos são os deuses do Olimpo, porém Jesus de Nazaré é extremamente misericordioso…
Tenhamos Fé, Esperança e Caridade.
*Ésquilo nasceu cerca de 525 a. C., numa família nobre de Elêusis e foi autor de várias tragédias. Participou nas célebres batalhas de Maratona, Salamina e Plateias. Escreveu cerca de oitenta peças de teatro, mas só chegaram até nós Sete: As Suplicantes, Os Persas, Os Sete contra Tebas, A Trilogia Oresteia (Agamémnon, Coéforas, Euménides) e Prometeu Agrilhoado.