Colonização ideológica

 Colonização ideológica
Maria Susana Mexia, Professora

Sob o manto da Liberdade, existe um novo totalitarismo de ideologias distorcidas, clivantes e cínicas que, de forma suave e subtil, destroem a integridade e a dignidade humana.

Nas últimas décadas, nomeadamente, desde os anos sessenta, com a ajuda das Nações Unidas (ONU), da União Europeia (EU) e dos media, apoiados por uma oligarquia financeira, um poderoso lobby tem vindo a lutar para mudar todo o sistema de valores, com o objectivo de implementar uma liberdade absoluta sem qualquer restrição moral ou da própria natureza. Destruindo todos os sistemas normativos fazem guerrilha de natureza sexual, procurando anular o feminino e o masculino, fragmentando mentalidades e corpos, legislando a belo prazer das suas vontades, ostracizando e criminalizando qualquer oposição a estes devaneios.

Não estamos face a uma nova ditadura do proletariado ou a um domínio de uma raça que se considera superior, mas sim a um totalitarismo camuflado sob um manto de liberdade, de tolerância, de justiça e de igualdade.

Esta ditadura mudou de roupa, agora surge travestida em direitos, com a pretensão de escravizar o homem em nome da liberdade, uma nova modalidade de engenharia social neste admirável mundo dos nossos dias.

“ Na medida em que a liberdade política e económica diminuem, a liberdade sexual tende, em compensação, a aumentar. E o ditador fará bem em encorajar essa liberdade. Em conjunto com a liberdade para sonhar acordado sob influência de drogas, filmes e rádio, ajudará a reconciliar os seus súbditos com o desejo da servidão…Vendo bem, parece que uma utopia que está muito mais próxima de nós do que alguém há apenas quinze anos poderia ter imaginado. Nessa altura, eu projetava para daí a 600 anos. Hoje parece bem possível que o horror possa estar mesmo à nossa frente”. *

Após a segunda guerra mundial foi criada a Organização das Nações Unidas que aprovou a Declaração Universal dos Direitos humanos, em 1948. Os horrores de então assim o justificavam. Porém, meio século volvido, mediante a manipulação de toda a sociedade, a mesma ONU, é o local de estratégia para aniquilar todo o comportamento humano, abdicando dos princípios culturais, das normas e valores que foram uma referência na Europa e no mundo. Depois de 1989 deu-se uma radical mudança de paradigma nesta instituição. Aliando-se a poderosos grupos económicos, recorrendo a uma nova linguagem criada para iludir, inverteram toda a lógica de pensamento e ousam destruir a Antropologia.

Os poderosos do mundo, radicalmente unidos, lutam pela destabilização e desconstrução de tudo o que era universalmente aceite. Foram destruindo a identidade sexual dos homens e das mulheres, instituíram o divórcio como um acto banal, implementaram uma educação sexual nas escolas que é uma ideologia sem fundamentos biológico e antropológico, corrompem as mentes das crianças e dos jovens, numa prepotência inimaginável há anos atrás.

Em todo este panorama de liberdades sem fim teremos de acrescentar ainda a luta pela defesa da normalização da pedofilia e uma nova dependência aditiva – a pornografia, acessível a todos, incluindo crianças e jovens, através dos inúmeros sites disponíveis sobre o tema.

A pornografia é um negócio altamente rentável em todo o mundo, mas é um vício tremendo e corrosivo para a consciência e sensibilidade, não só destrói a pessoa como se projecta na sociedade, na família, na vida afectiva e relacional. Este aditivo será mesmo o grande responsável por toda a violência, nomeadamente a doméstica.

Intelectuais de esquerda, ateus convictos em colaboração com os media, incluindo cinema, televisão e internet, têm contribuído para sexualizar as massas e subverter as mentes.

Na década de 20 do século passado, Gramsci concluiu que era necessário destruir a cultura ocidental, sem armas mas minando e corroendo as mentes, lentamente, anonimamente, gradualmente, como um veneno que se ministra ao paciente como se fosse um remédio, como se fosse o medicamento de sua salvação. Em suma, em nome da dignidade e da liberdade do homem, criar-se uma ditadura. O grande adversário a ser derrubado era a ética judaico-cristã, a filosofia grega, o direito romano. Porém, o objetivo principal, era a destruição da família, pois para o pensamento marxista a família é um valor burguês, uma desgraça que precisa de ser extinta, já que está baseada em elementos que impedem a revolução: a propriedade privada, a opressão patriarcal e a ética sexual.

“Após a queda da URSS, em 1989, muitos sectores do mundo livre descansaram com a sensação de que a utopia colectivista havia sido derrotada para sempre. Contudo, poucos anos depois, abraçando novas bandeiras e reinventando o seu discurso, ergueu-se uma espécie de neocomunismo que passou a dominar, em grande medida, o ambiente político e cultural do Ocidente.

Os velhos princípios socialistas da luta de classes, do materialismo dialético, das guerrilhas e da revolução proletária, foram substituídos por uma nova agenda progressista na qual se destacam a ecologia, a igualdade, a inclusão, a diversidade, os direitos das minorias, o feminismo radical e a ideologia de género e a pornografia, condimento apetecível e obrigatório, produzindo dependência, bloqueando e escravizando a pessoa.

Alienados com um mundo em pandemia, em guerra e em desmoronamento, não nos distraiamos com estas sub-reptícias estratégias de manipulação ideológica que corroem a humanidade.

*Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, 1932-reedição em 2013

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