Ana Jorge é de César, a Santa Casa de Lisboa não é!
O PS habituou-se a olhar para a Misericórdia de Lisboa como se fosse uma empresa estatal em que o fato de ser uma instituição que defende 14 Misericórdias pouco ou nada lhe diz… mas talvez fosse bom investigar o que a “lei” que norteia as Misericórdias quer dizer…
É engraçado nos dias que correm e perante a exoneração de Ana Jorge ver a “Esquerda” tornar-se numa especialista em avaliar aquilo a que gosta de chamar “caridadezinha” da direita”.
O espírito cristão que devia ser posto em prática na Santa Casa de Lisboa pela ex-ministra de Sócrates, tal como o seu antecessor, foi esquecido e apagado ao longo destes anos que o PS leva à frente da Santa Casa de Lisboa.
No entanto, sei bem que a Misericórdia de Lisboa tem um estatuto especial em relação à sua missão referente à gestão dos jogos sociais, e é certo que a redistribuição pelos diferentes ministérios desses mesmos lucros, é essencial para a ação governativa, uma vez que através de Decreto-Lei, o governo pode repartir como quiser estas verbas e por o seu programa em ação de forma mais “folgada”..
Contudo, esse objectivo de cumprir os outros objectivos que são comuns a todas as Misericórdias em Portugal foram falhados.
A ignorância da comunicação social a falar de Misericórdias como se tratasse de uma empresa privada é confrangedor…
E quando vemos estes comentadores a irem da TV diretamente para a política, ainda mais confrangedor se torna a situação em que vive o nosso país…
Quando fiz parte de uma “Mesa” de uma Misericórdia (por alguma razão não se chama administração), fi-lo por convicção cristã e fi-lo como católico praticante que sou.
Fiz um juramento católico numa Igreja perante o Bispo, o Presidente da Câmara, etc…
Este sentido de missão cristã, quando o bipartidarismo que se vive em Portugal, escolhe alguém para liderar a Santa Casa deveria ser tido em conta…, mas infelizmente não é!
A gestão de uma Santa Casa não se faz com “show off” e “power points”, inventando jogos ou proclamando auditorias e acolhendo nas suas casas a classe média “amiga”… faz-se tratando dos idosos, visitando os presos, acolhendo os peregrinos, tratando dos sem abrigos e dos indigentes…
A Misericórdia de Lisboa tem de ser gerida com espírito e fé “cristã”…
Sei bem que a situação financeira é importante, mas nem a Sra. Provedora Ana Jorge, nem o provedor anterior, se pautaram por vincar o carácter cristão na Instituição e que é intrínseco à mesma, senão vejamos;
- O apoio às outras 380 Misericórdias que sustentam o terceiro setor em Portugal, através do fundo Rainha D. Leonor, foi praticamente nulo e é uma obrigação da Misericórdia de Lisboa…
- O apoio às Misericórdias nas comunidades portuguesas e instituições de solidariedade ficou esquecido
- A prioridade em prestar serviços de saúde foi secundarizada em prol da criação de jogos no Brasil, entre outras inovações arruinosas…
É incompreensível esta preocupação do PS com a Misericórdia de Lisboa quando ao longo das últimas décadas tratou todas as outras Misericórdias do país, de forma desprezível em tempos de pandemia com os idosos fechados nos lares e com escassos recursos…
As Misericórdias pelo país fora são vistas pelo PS anti-clerical, como um último reduto a abater pelos regedores provincianos.
O que diria este PS anti-clerical, se as instituições “fraternas de Homens de bons costumes” fossem administradas por alguém que defendesse “a caridadezinha” de direita que tanto criticam…
Aí certamente, já não achariam adequada a ocupação do lugar por alguém com valores democrata cristãos…
Mas neste assunto das Misericórdias e do Estado continuo a achar que o melhor é ter o ensinamento de Jesus Cristo ainda atual nos dias de hoje é o pilar da separação entre Igreja e Estado:
“Dá a César o que é de César, e dá ao Reino dos Céus o que é do Reino dos Céus“.