Uma liderança de humildade, sinónimo de eficácia?

 Uma liderança de humildade, sinónimo de eficácia?
Maria Luísa da Camara Pereira
Maria Luísa da Camara Pereira

Nos vários tipos de liderança, adquire lógica o refrão: “Os extremos tocam-se.” Com frequência, deparamos com perturbações sociais, provocadas por lideranças laxistas, em organizações governamentais e outras. Paralelamente, assistem-se a constrangimentos sociais, por parte de muitos cidadãos, liderados por chefes ditatoriais.

David Robson, escritor de ciência, da universidade de Cambridge e jornalista da BBC, argumenta a favor de um outro tipo de liderança, fundamentada em estudos científicos comprovados, em que pessoas com maior índice de humildade, se tornam melhores aprendentes, gestores mais eficientes e líderes mais eficazes.

Descobertas recentes revelam que a humildade na liderança, melhora o pensamento estratégico e o desempenho dos colegas nas instituições.

Já o filósofo Sócrates argumentou, há mais de dois mil anos, que a humildade é a maior de todas as virtudes, observando que as pessoas mais sábias, são as primeiras a admitir o pouco que realmente sabem. Daí, a frase socrática: “Só sei que nada sei”, cujo significado aponta para o reconhecimento saudável da própria ignorância e também para o facto da consciencialização de que, quanto mais aprendemos, mais temos para descobrir.

A tónica recente na virtude da humildade, aponta para uma alteração de perspetiva sobre o conceito de liderança, após décadas de uma focagem exclusiva nos conceitos de autoestima e autoconfiança, que têm vindo a ser considerados, como a única resposta para muitos dos males da sociedade.

É óbvio que autoestima e humildade não estão em oposição, antes, devem ser coexistentes. Uma pessoa precisa de confiança para ser humilde.

O movimento de reforço da autoestima, a todo o custo, encorajou pais e professores a fornecerem positividade e otimismo incondicionais, aos seus educandos, muitas vezes e infelizmente, à custa da inexistência do exercício de qualquer sentido crítico ou avaliação pessoal e sobre a natureza ética dos objetivos a atingir.

Em 2013, foram feitos estudos estatísticos na universidade de Brigham Young,  pelo psicólogo americano de  organizações, Bradley Owens, ( PhD, universidade de Washington), o qual examinou o comportamento de 144 estudantes do curso de Gestão Empresarial. Os resultados foram impressionantes: os alunos classificados como mais humildes, tinham obtido notas melhores, do que aqueles considerados mais talentosos e com maior coeficiente de inteligência. Confiavam no trabalho e aceitavam as suas limitações, tentando aprender com elas. A humildade constituiu assim um traço psicológico distintivo importante, para alguns daqueles alunos menos talentosos, compensando o seu baixo QI e permitindo que apresentassem um desempenho tão bom como o daqueles colegas com um QI mais elevado.

Através destes inquéritos científicos, provou-se que os líderes mais humildes criam um maior sentido de ética e satisfação laboral entre seus funcionários. As pesquisas de Owens, levaram-no assim a concluir que a humildade do líder, melhora a comunicação entre os membros da equipa. É também inspiradora de uma maior confiança, ao admitir auscultar e avaliar opiniões diferentes, fator que potencia uma dinâmica laboral mais honesta e construtiva.

Eu diria que até o próprio Deus se rende à humildade, que é sempre fonte da verdadeira sabedoria. Como escreveu Karol Wotyla:” Deus deixa-se conquistar pelo humilde e recusa a arrogância do orgulhoso.”

Robson (David)  Is this the secret of smart leadership?( bbc.com

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