Uma catedral cheia de beleza

 Uma catedral cheia de beleza

“A beleza, como a verdade, é o que infunde alegria no coração dos homens, é aquele fruto precioso que resiste ao desgaste do tempo, que une as gerações e as faz comunicar na admiração”.

Papa Paulo VI

Os artistas são os guardiães da beleza no mundo.

A beleza monumental, simples e nobre da catedral de Portalegre, a sua harmonia e riqueza de retábulos maneiristas, a paisagem sem igual do seu claustro alto, tudo sensibiliza o coração, comunica mensagem, eleva a alma, dá paz e bem-estar, proporciona recolhimento e reflexão, aponta para a beleza que leva até Deus.

Ontem, dia 16 de março, foi dia de festa, fizemos festa! Após dois anos e meio encerrada para obras, foi aberta ao culto. Muita gente se associou e alegrou, a curiosidade era grande. Vindos de perto e de longe, as pessoas comentaram, admiraram a beleza da catedral, partilharam o que lhes ia na alma, manifestaram satisfação e alegria, escutaram ‘discursos’ de ocasião, deram graças ao Senhor de toda a beleza e evocaram os artistas. Foi bonito!

O mundo em que vivemos tem necessidade da beleza, assim o dizia o Concílio Vaticano II pela voz de Paulo VI na Mensagem que dirigiu aos Artistas, em 8 de dezembro de 1965: Para todos vós, “artistas, que sois prisioneiros da beleza e que trabalhais para ela: poetas e letrados, pintores, escultores, arquitetos, músicos, homens do teatro, cineastas . . . A todos vós, a Igreja do Concílio afirma pela nossa voz: se sois os amigos da autêntica arte, sois nossos amigos. Desde há muito que a Igreja se aliou convosco. Vós tendes edificado e decorado os seus templos, celebrado os seus dogmas, enriquecido a sua Liturgia. Tendes ajudado a Igreja a traduzir a sua divina mensagem na linguagem das formas e das figuras, a tornar percetível o mundo invisível.

Hoje como ontem, a Igreja tem necessidade de vós e volta-se para vós. E diz-vos pela nossa voz: não permitais que se rompa uma aliança entre todas fecunda. Não vos recuseis a colocar o vosso talento ao serviço da verdade divina. Não fecheis o vosso espírito ao sopro do Espírito Santo.

O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração. E isto por vossas mãos. Que estas mãos sejam puras e desinteressadas. Lembrai-vos de que sois os guardiões da beleza no mundo: que isso baste para vos afastar dos gostos efémeros e sem valor autêntico, para vos libertar da procura de expressões estranhas ou indecorosas.

Sede sempre e em toda a parte dignos do vosso ideal, e sereis dignos da Igreja, que, pela nossa voz, vos dirige neste dia a sua mensagem de amizade, de salvação, de graça e de bênção”.

Bento XVI, em 21 de novembro de 2009, ao encontrar-se, na Capela Sistina, com cerca de 260 artistas provenientes dos cinco continentes, de países, culturas e religiões diversas, distantes, por certo, até de experiências religiosas, mas com o desejo de manterem viva a comunicação com a Igreja católica, o Papa pedia-lhes diálogo, amizade e colaboração e que falassem ao coração da humanidade através da verdadeira beleza da arte que leva a Deus, sendo “anunciadores e testemunhas da esperança” para todos os homens.

E tal como já lhes tinham feito Paulo VI e João Paulo II, Bento XVI disse-lhes: “gostaria de vos dirigir também eu, como já fez o meu Predecessor, um cordial, amistoso e apaixonado apelo. Vós sois guardiães da beleza; vós tendes, graças ao vosso talento, a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e coletiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do empenho humano. Sede portanto gratos pelos dons recebidos e plenamente conscientes da grande responsabilidade de comunicar a beleza, de fazer comunicar na beleza e através da beleza! Sede também vós, através da vossa arte, anunciadores e testemunhas de esperança para a humanidade! E não tenhais medo de vos confrontar com a fonte primeira e última da beleza, de dialogar com os crentes, com quem, como vós, se sente peregrino no mundo e na história rumo à Beleza infinita! A fé nada tira ao vosso génio, à vossa arte, aliás exalta-os e alimenta-os, encoraja-os a cruzar o limiar e a contemplar com olhos fascinados e comovidos a meta última e definitiva, o sol sem ocaso que ilumina e torna belo o presente”.

Na catedral de Portalegre, o talento e a fé dos seus construtores continuam a comunicar a beleza, continuam a fazer comunicar na beleza e através da beleza, tudo fala ao coração, interpela e amplia horizontes.

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