Um mundo de maravilhas

 Um mundo de maravilhas

A vida está cheia de pequenas e grandes maravilhas que, normalmente, nos deixam maravilhados.

Cultivar a capacidade de nos surpreendermos todos os dias encoraja-nos a apreciar mais a vida e motiva-nos a sermos mais altruístas.

Como o mundo é um lugar completamente novo para as crianças, elas têm a capacidade inata de se espantarem, mas à medida que nos tornamos adultos, perdemos essa capacidade.

Muitos associam o espanto à imaturidade ou à falta de controlo. No entanto, é exatamente o contrário, o espanto, esse estado da alma que Platão e Aristóteles consideravam a origem da filosofia, é também uma porta que se abre inesperadamente, revelando-nos o belo, o excecional e o impressionante no mundo em que nos movemos.

Imaginemos, por exemplo, o momento em que olhamos para um céu estrelado, longe das luzes da iluminação publica, e nos sentimos arrebatados pela vastidão do cosmos.

A admiração leva-nos a um lugar até então desconhecido. De repente, apercebemo-nos de que existe algo muito maior do que nós, ou que o invisível tem estado a contribuir para o mundo tal como o conhecemos há muito tempo.

Experimentamos uma sensação de revelação ou iluminação que abre a nossa mente, ajuda-nos a desenvolver a humildade e a capacidade de observação, reduz a impaciência e, de um modo geral, aumenta a nossa satisfação com a vida.

Não é difícil ficarmos maravilhados com o grandioso e o extraordinário, mas esquecemo-nos muitas vezes de ver, ouvir, cheirar, saborear e sentir com atenção o nosso quotidiano, onde muitas oportunidades de ficarmos maravilhados nos aguardam: uma paisagem, um sorriso, um aroma…

A capacidade de admiração permite-nos estar abertos a experiências que podem ser muito significativas. Podemos compreender isto se pensarmos na metáfora da “mensagem numa garrafa“.

Tal como um sobrevivente de um naufrágio pode encontrar uma mensagem inesperada na costa, também nós podemos descobrir momentos reveladores em experiências aparentemente simples.

Pode ser uma palavra que alguém diz e que, de repente, abre a nossa perspetiva sobre um problema preocupante, ou talvez uma canção que ouvimos casualmente na rádio e que ressoa como uma mensagem pessoal, ou talvez um livro que cai de uma prateleira e cujo conteúdo parece responder exatamente a uma questão sobre a qual temos estado a refletir.

Estas “mensagens” convidam-nos a estar atentos e recetivos à sabedoria que pode surgir de forma surpreendente e imprevista, fornecendo orientação e direção em tempos de incerteza.

Numa perspetiva de fé, nestas mensagens oportunas podemos ver a mão de Deus, sinais da providência divina a guiar-nos na nossa vida.

Vemos cada experiência significativa como parte de um plano mais amplo, onde nada acontece por acaso.

Citando São João Paulo II: “A cultura tecnológica, e mais ainda a excessiva absorção nas realidades materiais, impedem-nos muitas vezes de discernir a face oculta das coisas. Na realidade, cada pequena coisa, cada acontecimento, para quem sabe lê-los em profundidade, traz consigo uma mensagem que, em última análise, conduz a Deus. “(João Paulo II, Audiência Geral de 26 de julho de 2000).

Se aprendermos a interpretar a vida “na chave de Deus”, viveremos com um maior sentido de transcendência e de objetivo.

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