Síria: Massacre cristão “a sangue-frio”

 Síria: Massacre cristão “a sangue-frio”

Bandeira da Síria

Maria Susana Mexia, Professora de Filosofia e Antropologia Filosófica

Conflitos entre grupos armados apoiantes do ex-presidente e forças leais ao novo regime sírio provocaram a morte de milhares de civis inocentes, incluindo jovens, mulheres, médicos, estudantes universitários ou farmacêuticos, bem como de famílias que com os seus filhos foram assassinados a sangue-frio.

Na sexta-feira negra – 7 de março – também muitas casas foram completamente saqueadas e muitos veículos danificados.

Na aldeia cristã de Belma, onde não há armas e a maioria dos moradores são idosos, a população sofreu dois dias de terror, com as suas casas invadidas e as suas propriedades roubadas.

O que começou como confrontos entre grupos armados leais a Assad e forças leais ao novo regime sírio, rapidamente se transformou em assassinatos comunitários.

A violência ocorreu onde o antigo governante Assad, um líder alauíta, obteve a maior parte de seu apoio.

Os alauítas são um grupo muçulmano xiita minoritário que vive predominantemente na Síria, de maioria sunita.

A família Assad, integrantes do grupo, governou a Síria por mais de meio século, até que Bashar foi deposto em dezembro por combatentes islâmicos sunitas, que buscavam remodelar a ordem política e sectária do país.

O presidente interino sírio Ahmad al-Sharaa, líder do grupo ligado à Al Qaeda, que derrubou Assad no final do ano passado, prometeu anteriormente igualdade política e representação aos grupos das diversas populações étnicas e religiosas da Síria.

Os Estados Unidos denunciaram no domingo o que disseram ser “terroristas islâmicos radicais, incluindo jihadistas estrangeiros, que assassinaram pessoas no oeste da Síria nos últimos dias”.

O Secretário de Estado Marco Rubio disse que os EUA apoiam as minorias religiosas e étnicas na Síria e que “as autoridades interinas devem responsabilizar os perpetradores desses massacres”.

De salientar que o grande alvo desta carnificina na Síria são os católicos, roubando e profanando símbolos cristãos em cidades como Tartus, Banias, Jabla, Latakia na costa do Mar Mediterrâneo e nas aldeias vizinhas.

O Vicariato Apostólico da Comunidade Latina na Síria emitiu uma declaração na qual expressava a sua profunda preocupação por estes ataques contra civis inocentes. O documento, assinado pelo bispo, Dom Hanna, e datado de 9 de março de 2025, refere:

“Nós unimo-nos à voz de todas as pessoas honestas e patrióticas neste país, reiterando a nossa rejeição a todas as formas de violência, vingança e represálias baseadas em motivos sectários e religiosos.

Pedimos às autoridades do país que ponham fim rápido a esses ataques, que são incompatíveis com todos os valores humanos, morais e religiosos”.

Por sua vez, na homilia no domingo ortodoxo, proferida em 9 de março de 2025, na Catedral Mariamita de Damasco, o Patriarca Ortodoxo Grego João X também abordou a violência na região costeira e enviou uma mensagem urgente ao presidente Al-Sharaa.

“Os trágicos eventos que se desenrolam na região costeira da Síria custaram a vida de muitos civis e membros da segurança pública, deixando muitos outros feridos. No entanto, a maioria das vítimas eram civis inocentes e desarmados, incluindo mulheres e crianças.

A santidade e a dignidade das pessoas foram violadas, e os slogans e cânticos que estão sendo usados estão espalhando a divisão, fomentando o sectarismo e minando a paz civil”.

Referiu ainda aos saques e à violência em Banias, no bairro de Al-Qusour, onde os moradores foram forçados a deixar as suas casas, para serem executados, e seus pertences roubados.

Diante da tragédia, a presidente executiva internacional da Ajuda à Igreja que Sofre, Regina Lynch, apelou à oração:

“Nestes momentos de dor e sofrimento, recorremos à única fonte verdadeira de paz: a oração. Pedimos a todos os fiéis que levantem a voz ao Senhor, confiando em Seu amor e poder para levar conforto àqueles que mais precisam.

Que Nossa Senhora da Síria proteja o povo deste país, que sofreu muitas feridas na última década. Agora, mais do que nunca, devemos orar por sua cura e futuro. Que a fé nos mantenha unidos e que a esperança em Cristo ilumine esta nação sofredora”.

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