Opinião: República de Monarcas

 Opinião: República de Monarcas

João Paulo Marrocano

João Paulo Marrocano

Sou republicano por convicção, acredito que todo o Homem deve nascer igual, pelo menos perante a lei, já que perante as iguais oportunidades da vida, jamais será possível total equalização. Mas mais que a expressão pública do meu pensamento, o meu exercício de escrita tem como objetivo primordial levar o meu caro leitor a fazer uso da capacidade de
raciocínio e reflexão para os temas que abordo.

E a pergunta que hoje importa é: 114 anos depois da queda da monarquia, seremos uma sociedade verdadeiramente republicana? Não, basta estarmos atentos ao que nos rodeia para constatar que o feudalismo monárquico está profundamente enraizado na nossa sociedade. Em primeiro porque o berço onde nascemos é já tanta vez diferente na sua componente económica, social, cultural e especialmente diferente na vertente educacional. Em segundo porque o caminho que percorremos na vida é fortemente influenciado pelos nossos antepassados, e nesse ponto somos sempre herdeiros de uma de três filosofias de vida diferentes, somos filhos de pais que preparam os filhos para o caminho, filhos de pais
que preparam o caminho para os filhos, ou filhos de pais que abandonam os filhos na estrada da vida.

Será que o filho de um humilde agricultor nascido em 1948 lá para as serranias de Celorico de Basto, por muito inteligente e esforçado que tenha sido na ascensão da escada da vida, conseguiria chegar à Presidente da República? Talvez, mas será sempre uma luta desigual concorrer contra o filho de um antigo governador de província ultramarina conhecedor dos corredores do poder desde o tempo do uso de fraldas.

E que dizer das irmãs Mortágua que frequentemente recorrem ao passado do seu progenitor para se considerarem moralmente herdeiras da luta pela liberdade? Neste caso, entre outros, é ainda merecedor maior reflexão e condenação, pois são precisamente as esquerdas radicais que mais defendem que as heranças deviam ser taxadas, as heranças dos
outros, diga-se.

Ainda recentemente foi amplamente noticiado que um presidente de junta de freguesia se demitiu. Interesse da noticia? Ser filho de um ex primeiro-ministro, primeiro-ministro esse que teve ministros no seu governo cujo único currículo conhecido era serem filhos de outros ministros.

Comemore-se então a Implantação da República nesta sociedade monárquica. Um bom feriado a todos.

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