Opinião: O ovo de Colombo
Temos Governo eleito. No passado dia 30 de janeiro, os portugueses escolheram quem queriam a liderar os destinos deste país à beira-mar plantado, dando uma expressiva maioria, premiando seis anos de governação de António Costa. Seis anos de políticas económicas traduzidas na perda de poder de compra, logo à partida dos funcionários públicos que já começaram a sentir nos seus bolsos a redução real de dinheiro disponível ao fim de cada mês. E atenção, estas previsões aconteceram antes da eclosão da guerra da Ucrânia, ou seja, o aumento de preços previsto no início do ano, na área da energia, já aumentou exponencialmente desde o início do conflito, havendo atualizações semanais no preço dos combustíveis e, por arrasto, do preço de todos os bens essenciais na prateleira dos supermercados.
A verdade é que este tema já tinha alvo de abordagem por parte do PSD, através do deputado Joaquim Sarmento quando afirmava que a inflação de 2021 e 2022 estaria muito acima dos valores previstos no Orçamento de Estado para 2022, representando uma perda de poder de compra na Função Pública.
Perda essa acompanhada pela perda de competitividade que Portugal tem vindo a ter de há 20 anos a esta parte, conforme nos dá conta o Eurostat, caindo para o 21º lugar, atrás de países como a Estónia, Lituânia, Polónia, Eslovénia e Hungria. Ainda estamos à frente da Roménia, o país mais pobre da União Europeia em 2002, mas que, em 2022, conforme as previsões nos irá ultrapassar. Durante estes 20 anos, assistimos a duas maiorias socialistas com resultados particularmente expressivos no Distrito de Castelo Branco. Não era mal pensado, iniciar-se um processo de reflexão profundo sobre as vantagens da Beira Baixa nas escolhas realizadas como pode responsabilizar aqueles que as corporizaram.
Até porque, a expressiva maioria de António Costa aumenta sobremaneira a responsabilidade dos governantes em colocar em ação um programa de desenvolvimento ímpar, reformista e diferenciador. Num momento crítico de desenvolvimento europeu, com o maior programa de apoios da história da União Europeia, aguardamos serenamente por um ímpeto de mudança profunda, combatendo as assimetrias regionais, colocando a transição digital no topo da agenda das ações, lutando contra o flagelo do despovoamento e valorizando todo o potencial agrícola e florestal desperdiçado por anos de políticas de planeamento erróneas.
Só assim resolveremos o ovo de Colombo do progresso regional, fazendo do difícil, fácil e dando esperança aos bravos que nunca desistiram da sua região.