O preço da nossa Liberdade está na Cruz!

 O preço da nossa Liberdade está na Cruz!

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Dom Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco

O mundo ainda não entendeu, é certo! Não quer entender!

A cruz continua a ser loucura para uns e escândalo para outros. No entanto, inúmeros zelosos pelo aniquilamento de outros, continuam a levantar cruzes sem conta. Cristo continua a ser crucificado, todos os dias e da forma mais triste e revoltante, mais cruel e mais ignominiosa, na pessoa dos frágeis e inocentes, dos pobres e marginalizados, dos perseguidos e presos, dos torturados e mortos, de tantos famintos e sem abrigo, de quem sofre violência e desprezo, só porque sim.

Há quem não queira entender e se julgue dono dos outros e disto tudo, sentindo-se no direito de usar da sua prepotência e da sua ambição, esmagando, destruindo, matando. Da cruz, porém, continua a brotar a mensagem mais revolucionária e transformadora de todos os tempos.

A arma usada na ‘guerra’ provocada por essa feliz revolução é só uma. É a arma do amor, uma arma que não faz barulho nem destrói a partir de fora, mas revoluciona e transforma a partir de dentro, do coração. Uma arma sempre atual e atuante, à mão de todos os de boa vontade e sem preconceitos.

Cristo enfrentou a morte na cruz como possibilidade de amar. Não foi a cruz que tornou grande Jesus, mas foi a vida de Jesus que deu sentido à cruz, gastando-a a amar, a dar a vida, a fazer justiça, a reconhecer e a ir ao encontro do outro nas suas necessidades, vivendo na liberdade e no amor, na fidelidade a Deus e na solidariedade com os homens.

“Verdadeiramente grande e preciosa realidade é a santa cruz! – afirmava Santo André de Creta, do século VIII. Grande, porque é a origem de bens inumeráveis, tanto mais excelentes quanto maior é o mérito que lhes advém dos milagres e dos sofrimentos de Cristo.

Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do inferno, a cruz converteu-se em fonte de salvação para todo o mundo”.

Ao vivermos liturgicamente a Festa da Exaltação da Santa Cruz, torno presente os hinos da sua Liturgia das Horas:

O estandarte da cruz proclama ao mundo
A morte de Jesus e a sua glória,
Porque o Autor de todo o universo
Contemplamos suspenso no madeiro.
 
Ó Árvore fecunda e refulgente,
Ornada com a túnica real,
Sois tálamo, sois trono e sois altar
Para o Corpo chagado e glorioso.
 
Ó Cruz bendita, só tu nos abriste
Os braços de Jesus, o Redentor,
Balança do resgate que arrancaste
Nossas almas das mãos do inimigo.
 
Cruz do Senhor, és a única esperança
No tempo desta vida peregrina.
Aumenta nos cristãos a luz da fé,
Sê para os homens o sinal da paz.

++++

Cruz fiel e redentora,
Árvore nobre, gloriosa!
Nenhuma outra nos deu
Tal ramagem, flor e fruto,
Doces cravos, doce lenho,
Doce fruto sustentais
 
Porto feliz preparastes
Para o mundo naufragado
E pagastes por inteiro
O preço da redenção,
Pois o sangue do Cordeiro
Resgatou as nossas culpas.
 
Deus quis vencer o inimigo
Com as suas próprias armas.
A sabedoria aceitou
O tremendo desafio
E onde nascera a morte
Brotou a fonte da vida.
 
Elevemos jubilosos
À santíssima Trindade
O louvor que Lhe devemos
Pela nossa salvação,
Ao eterno Pai e ao Filho
E ao Espírito de amor.

+++

Insígnia triunfal, honrosa e santa,
Chave do céu, penhor de eterna glória,
Que com Jesus da terra nos levanta!
 
Sacrário em que ficou viva a memória
Do imenso amor divino onde se alcança
De inimigos domésticos vitória!
 
Sinal que após dilúvio traz bonança,
Por quem o mundo novo é reformado
E se converte o espanto em esperança!
 
Ó Cruz, minha saudade e meu cuidado,
Que sustentar pudeste o doce peso
Da nossa redenção tão desejado!

*Dom Antonino Dias, Bispo de Portalegre-Castelo Branco, 13-09-2024

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