Ó PÁTRIA MÃE, QUE ABANDONASTE OS AUDAZES
No dia 24 de Outubro comemorou-se o dia do exército, data oficial da tomada de Lisboa aos mouros no ano de 1147. Teve este ano como palco de comemorações a cidade de Aveiro e como principal protagonista, pelos piores motivos, o sr. ministro da defesa. Milhares de ex-paraquedistas e ex-comandos juntaram-se num justificado coro de protestos perante as atrocidades cometidas por aquele a quem cabe a cada minuto dignificar os herdeiros dos homens que alicerçaram a nossa História.
O motivo dos protestos? Uma ordem superior a proibir os paraquedistas de entoar o seu hino “Ó Pátria Mãe” e os comandos do seu grito “Mama Sume”. Na verdade, este ataque já se vem verificando de trás, com a proibição de os militares destas forças fazerem uso das suas boinas ou crachás fora das unidades de origem. Para quem não sabe, as insígnias, crachás, boinas e outras, são uma espécie de “currículo vitae” que caracteriza de forma fácil, rápida e objectiva as capacidades e funções de cada homem ou mulher das forças armadas organizadas e modernas de qualquer país do mundo. O uso das mesmas faz parte do processo que molda os militares a superarem-se com sucesso em cada missão, seja ela de guerra, paz ou apoio às populações civis.
Então porque é que as chefias militares permitem tal humilhação? Porque motivo o governo provoca descontentamento aparentemente fútil nestes milhares de homens no activo, na reserva ou até na disponibilidade por meros gritos de guerra ou ostentação de boinas e crachás? A resposta é que as altas chefias militares têm hoje como principal critério de escolha a sua eficácia no papel de engraxador, dos sapatos dos políticos, entenda-se. Quanto à segunda pergunta, a resposta chama-se ORÇAMENTO DE ESTADO.
Já toda a gente percebeu que o país caminha apressado para um grande lamaçal e não há bazuca que nos salve. É preciso continuar com uma carga fiscal recorde para satisfazer as exigências da esquerda que António Costa escolheu para seus parceiros de governo. Os impostos sobre os combustíveis, os objectivos fixados em receita por via de multas e coimas, o agravar do imposto sobre tabaco, ou o desdobrar dos escalões do IRS para permitir arrecadar mais receita falam por si.
Também o PCP e BE já perceberam que os seus eleitores não lhes perdoam esta aliança governativa. As últimas autárquicas são esclarecedoras, o PCP sofreu uma pesada derrota e o BE vê-se completamente ultrapassado pelo CHEGA. Para ir entretendo o povo, o governo promete cartões de descontos e promoção no combustível, ridículos é certo, tanto mais que ainda não se sabe se são ou não acumuláveis com o desconto oferecido pelo supermercado da esquina. Um pouco mais, e para ficarmos todos contentes, temos António Costa a decretar a antecipação do Natal, tal como fez Nicolás Maduro.
Ironia á parte, António Costa está entre a espada do BE e do PCP e a parede da União Europeia. Se ceder aos primeiros, sabe que perde irremediavelmente a credibilidade que lhe poderá dar um cargo além-fronteiras. Se ceder aos segundos, sabe que o próximo orçamento é chumbado por aqueles com quem se “deitou” estes anos todos. É certo que António Costa terá a tentação de ir a eleições numa altura em que as sondagens lhe parecem favoráveis. É certo que terá a tentação de se fazer de vítima para conseguir uma maioria absoluta, feito que nunca alcançou e que o seu ego não lhe não lhe permite sentir-se como político plenamente realizado. Mas também sabe que as sondagens são como uma espécie de horóscopo e há um signo que lhe baralha as contas todas, chama-se AÇORES.
Então que tem um governo falido para oferecer como moeda de troca? Ideologia. Não há nada neste país que mais ódio provoque nos comunistas e bloquistas que o Regimento de Comandos. António Costa sabe disso e sabe que se “amordaçar” lentamente o Regimento De Comandos, e disso fizer prova pública ao PCP e BE, tem quase certa a aprovação do orçamento para 2022, mesmo que o sapo eleitoral para estes últimos engolirem seja muito gordo.