Construtores da Paz Mundial
No domingo passado, quando a guerra da Ucrânia perfazia 501 dias de existência e os países da NATO preparavam a sua reunião em Vilnius, a comunidade cristã escutava a leitura do profeta Zacarias:
“Eis o que diz o Senhor: «Exulta de alegria, filha de Sião, solta brados de júbilo, filha de Jerusalém. Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta. Destruirá os carros de combate de Efraim e os cavalos de guerra de Jerusalém; e será quebrado o arco de guerra. Anunciará a paz às nações: o seu domínio irá de um mar ao outro mar e do Rio até aos confins da terra».”
Zac 9, 9-10
O texto é uma profecia que nos apresenta o ideal judaico-cristão matizado na expressão “Reino de Deus”. O Reino de Deus não se afirma pelo poder, pela violência, pela economia…, mas pela humildade, mansidão, verdade, justiça, amor e paz.
O rei, Jesus, vem ao encontro de cada pessoa para destruir tudo aquilo que pode conduzir à violência e a guerra, isto é, na profecia, destruirá os carros, os cavalos e o arco da guerra. Não destruir a pessoa humana.
São poucas as vozes no mundo que procuram este caminho para a paz: destruir as condições favorecem a existência da violência e da guerra. As notícias, pelo contrário, apresentam as sanções, penalizações, mais armas, novas armas, armas tecnológicas e sempre com a ameaça do nuclear. Os líderes mundiais da guerra/paz fazem acórdãos, às vezes, mundiais, como é o caso da NATO, outras vezes bilaterais, sempre para salvaguardar interesses particulares e nacionais. E nos acórdãos de paz, muita gente morre, fica na pobreza e vive nas cidades e campos destruídos.
A tecnologia tornou o planeta Terra uma aldeia global. Faz sentido continuarmos a fazer guerra por uma fronteira física? Faz sentido continuar a pensar que o bem comum é apanágio de um país em particular ou para uma superpotência ou para quem tem armas nucleares ou para aqueles que têm as melhores condições económico financeiras?
O Papa Francisco, na Mensagem para o dia mundial da paz 2023, afirma que
o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque o primeiro não provem de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado.»
Papa Francisco, mensagem para o 56º DIA MUNDIAL DA PAZ
Se o comum dos mortais pouco poderá fazer em relação ao na Ucrânia, ao da Iêmen, ao da Síria, ao da República Democrática do Congo, ao do Afeganistão; ao de Mianmar, ao do Haiti, talvez, muitos de nós, possamos aceitar o desafio do Papa Francisco em destruir as causas da violência e da guerra:
“Devemos repassar o tema da garantia da saúde pública para todos;
promover ações de paz para acabar com os conflitos e as guerras que continuam a gerar vítimas e pobreza;
cuidar de forma concertada da nossa casa comum e implementar medidas claras e eficazes para fazer face às alterações climáticas;
combater o vírus das desigualdades e garantir o alimento e um trabalho digno para todos, apoiando quantos não têm sequer um salário mínimo e passam por grandes dificuldades.
Fere-nos o escândalo dos povos famintos.
Precisamos de desenvolver, com políticas adequadas, o acolhimento e a integração, especialmente em favor dos migrantes e daqueles que vivem como descartados nas nossas sociedades.
Somente despendendo-nos nestas situações, com um desejo altruísta inspirado no amor infinito e misericordioso de Deus, é que poderemos construir um mundo novo e contribuir para edificar o Reino de Deus, que é reino de amor, justiça e paz”.
Papa Francisco, mensagem para o 56º DIA MUNDIAL DA PAZ
Rezemos pela paz e peçamos a Deus que destrua em cada um de nós tudo o que potencia a violência e a guerra e abençoe em nós os valores e atitudes que promovem a Paz.