Fármaco para a malária e a leishmaniose
Descobrir um medicamento eficaz para a malária e a leishmaniose, que são das principais doenças infeciosas transmitidas por insetos.
É este o objetivo de uma equipa liderada pelo Centro de Química (CQ) da Escola de Ciências da Universidade do Minho (ECUM), num projeto iniciado há três anos e que pode demorar pelo menos dez anos.
Os cientistas encontraram já em laboratório 28 compostos ativos eficazes contra a malária e 15 contra a leishmaniose e depois otimizaram-nos.
Em breve vão começar os estudos in vivo em animais, imprescindíveis para provas de eficácia e avaliação da segurança em humanos.
O projeto chama-se PuryMal e é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
“Encontramos compostos muito ativos no microrganismo e que não são tóxicos para as células do hospedeiro, ou seja, o ser humano”,
explica a investigadora Maria Alice Carvalho.
No caso da malária, esses compostos foram identificados em estirpes resistentes e não resistentes e com baixa toxicidade para serem testados em animais.
“Ficamos surpreendidos com os compostos ativos que encontramos em 90 compostos analisados, pois em projetos deste tipo a probabilidade é de um em dez mil”,
acrescenta a docente.
Estes avanços “são importantíssimos, pois uma das maiores ameaças de saúde pública é o desenvolvimento de resistência dos parasitas aos fármacos”, adianta Maria Alice Carvalho.
O trabalho está a ser desenvolvido em parceria com o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho e o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto.
Há vários fármacos no mercado neste âmbito, mas têm baixa eficácia, sendo fundamental obter novos medicamentos.
A leishmaniose e a malária colocam em risco cerca de 250 milhões de pessoas no mundo, sobretudo nas zonas tropicais, e provocam milhares de mortes por ano.
Crianças com menos de 5 anos são o grupo mais vulnerável, representando cerca de 80% das vítimas por malária.
Os parasitas destas doenças são resistentes e estão em desenvolvimento, tornando os medicamentos existentes menos eficazes.
“A zona de África é problemática, devido ao acesso limitado a cuidados de saúde, aos cenários de guerra e às populações a moverem-se, levando a que as doenças se espalhem de forma incontrolável”,
salienta Maria Alice Carvalho.