Espécies Ibéricas obrigadas a “mudar de casa”

 Espécies Ibéricas obrigadas a “mudar de casa”

Tetraz Real

Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) publicaram um estudo pioneiro que analisou os efeitos das alterações climáticas para a maioria das espécies de flora vascular e fauna da Península Ibérica. A investigação concluiu que, em apenas 35 anos, algumas espécies foram forçadas a explorar habitats diferentes.

Para este estudo, a equipa debruçou-se sobre os nichos ecológicos, ou seja, uma combinação de valores de variáveis climáticas. “O nicho de uma espécie poderia, por exemplo, ser o volume compreendido entre as temperaturas e precipitações mínimas e máximas que a espécie consegue suportar”, explica Neftalí Sillero, investigador no CICGE, Centro de Investigação em Ciências Geoespaciais na FCUP e primeiro autor do artigo recentemente publicado na revista científica Oikos. A investigação incidiu sobre 19 variáveis climáticas.

Brita-Ossos (fotografia da ebird.org)

Com este trabalho, os cientistas perceberam que, ao comparar os nichos de espécies em 1979 com os de 2013, os nichos não são completamente similares, o que significa que as espécies estão a começar a usar outros habitats. Entre as espécies que sofreram maiores alterações estão, por exemplo, a Marmota (espécie introduzida na Península Ibérica) e algumas aves como o Tetraz-real (Tetrao urogallus) e o Brita-Ossos (Gypaetus barbatus). “As alterações climáticas podem levar as espécies à extinção quando estas ficarem sem os habitats onde podem viver”, alerta o investigador.

Num outro estudo publicado no jornal Regional Environmental Change vemos que há espécies que estão a subir a maiores altitudes para poder seguir os seus habitats”, acrescenta Neftalí Sillero. A mesma equipa concluiu também, num trabalho divulgado no ano passado na revista STOTEN, que as espécies estão a sofrer uma descida geral na qualidade dos seus habitats preferidos.

Os próximos passos dos investigadores da FCUP são perceber quais os novos habitats que as espécies estão a usar e se estas alterações apontam para habitats com temperaturas mais amenas.

*Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

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