Proença-a-Nova: “Só no concelho ajudámos a fixar mais de 130 famílias”


Sediada em Proença-a-Nova, a empresa PortugalRur celebrou recentemente 21 anos. Com vários prémios conquistados a empresa é líder nacional, no seu segmento, no mercado dos imóveis rurais. O balanço dos primeiros 20 anos e a importância da empresa para o concelho são temas abordados por Francisco Grácio, CEO e Sócio Fundador, que está hoje na Grande Entrevista do Jornal de Proença.
Jornal de Proença (JP) – A PortugalRur celebrou recentemente 21 anos de existência. Como é que descreve a caminhada vivida ao longo destes 21 anos?
Francisco Grácio (FG) – Estávamos em meados do ano 2000, a internet estava a dar os primeiros passos e os tempos, de facto, eram outros. Muito poucos eram aqueles que tinham computadores e difundirmo-nos por todo o território nacional era algo, considerado por muitos, utópico ou até mesmo irrealista. Iniciar uma empresa desta natureza e com este propósito familiar, numa pequena vila no centro do país, não foi tarefa fácil. Mas nós, (Francisco e Filomena Grácio), enquanto sócios fundadores da Imobiliária PortugalRur, tínhamos uma visão muito clara e muito bem definida para o futuro.
Sabíamos que várias pessoas, oriundas dos grandes centros citadinos e do litoral, e alguns estrangeiros que estavam a emergir do centro e norte da Europa, queriam adquirir propriedades e casas no interior. Esta era uma tendência que estava a ganhar uma dimensão tal e não parava de crescer.
Teimámos então em agarrar esta oportunidade e dar-lhe corpo. E conseguimos. Passados 21 anos, temos hoje imóveis para vender em todo o país, com uma fortíssima predominância no meio rural. Nem sempre tudo foi fácil, passámos por tempos difíceis, como a crise mundial do subprime de 2008 a 2014, porém ultrapassámos todas essas barreiras e hoje somos uma referência nacional, com reconhecimento internacional, na venda de imóveis rurais. E isso foi-se tornando visível no decorrer destes 21 anos, onde ganhámos alguns prémios que muito nos orgulham e encorajam, como por exemplo, o prémio de “Empresa Notável” em 2005 e 2006, “Melhor Empresa de Imóveis Rurais em Portugal” em 2015 (Prémio Internacional) e “Melhor Marca do Imobiliário”, entre 2017 e 2020 (Prémio Internacional).
Ao longo dos anos, participámos ainda, em vários certames do imobiliário, tais como: no Salão Imobiliário de Lisboa – SIL e nas Feiras Internacionais de Amesterdão e de Paris.
JP – Apesar da sede ser em Proença-a-Nova, a empresa está um pouco por todo o país. Como é que funciona essa dinâmica? Como é que se organizam?
FG – Designámos Proença-a-Nova como a sede da empresa, porque é também aqui que vivemos e, naturalmente, fazia todo o sentido essa escolha. Com as crescentes necessidades a PortugalRur organizou-se e, paulatinamente, foi crescendo com a captação de novos Consultores Regionais. Atualmente, contamos com cerca de 20 consultores, distribuídos um pouco por todo o país, que se deslocam ao encontro dos nossos clientes e trabalham de forma promissora, para que possamos continuar sempre a oferecer um serviço familiar, de excelência e proximidade.
Aqui, no escritório de Proença-a-Nova, para além do CEO e dos dois diretores, contamos também com uma equipa excecional, alguns que se mantêm ao nosso lado desde que a PortugalRur surgiu e fizeram toda esta jornada com um compromisso inegável, e ainda três elementos mais recentes, com formação superior em Economia, em Turismo e em Design, que vêm dar apoio a toda a logística de acompanhamento dos consultores e dos processos, quer de venda, como de angariação.
“Só no concelho de Proença-a-Nova, ajudámos a fixar mais de 130 famílias, tanto portuguesas como estrangeiras, que aqui compraram um terreno, uma quintinha, um apartamento, uma moradia…”

JP – Muito se tem falado do interior e das questões do interior, de povoar, de restaurar habitações antigas. Qual o ponto de situação atualmente acerca da procura por casas do interior?
FG – A PortugalRur sempre teve como principal missão, contribuir para o repovoamento das zonas mais interiores do país e cooperar, assim, positivamente para a economia destas regiões. Tanto é que, só no concelho de Proença-a-Nova, ajudámos a fixar mais de 130 famílias, tanto portuguesas como estrangeiras, que aqui compraram um terreno, uma quintinha, um apartamento, uma moradia… Pessoas que contribuíram positivamente para a recuperação das nossas aldeias, alavancaram a economia local junto de construtores, eletricistas, canalizadores, pintores, etc. Animam esses lugares, combatendo de alguma forma o despovoamento, trazendo consigo familiares e amigos. Muitos deles nunca tinham ouvido falar de Proença, nem nunca tinham cá vindo. Souberam-no pelo nosso website, que divulga amplamente o nome de Proença-a-Nova, diariamente, em Portugal e no estrangeiro.
Para além da essência do negócio, a PortugalRur teve todo um papel, que tem sido considerado, amplamente meritório do ponto de vista social e económico, junto desses territórios, considerados de baixa densidade populacional.
No pós-covid, creio que iremos assistir a um “boom” sem precedentes na procura de propriedades e habitações rurais, por parte de clientes nacionais e estrangeiros, logo que, a abertura de fronteiras, assim o venham a permitir.
Finalmente, a Beira Interior, o Alentejo e o Ribatejo, estão a ser os alvos preferenciais desses novos habitantes, muitos deles, casais ainda muito jovens, que já se estão a mudar de malas e bagagens para estes lugares, trazendo consigo, toda a família, para aqui encetarem, um novo regime de trabalho em “teletrabalho”, uma nova tendência, agora em franco crescimento em todo o mundo.
JP – Que razões identifica para esse aumento?
FG – A pandemia confinou, meses a fio, milhões de pessoas, quer no nosso país, quer no mundo inteiro. As pessoas ficaram demasiado tempo fechadas em casa, afastadas do campo, da natureza e muito condicionadas face à sua liberdade. Neste momento, em que Portugal está a desconfinar, estamos a receber, a cada dia que passa, cada vez mais contactos para agendamento de visitas a imóveis no campo e, com especial incidência, nestes territórios de baixa densidade. Aqui encontram paz e sossego, podem estar rodeados de ar puro, tranquilidade e uma qualidade de vida incomparavelmente melhor que a vivida nos grandes centros urbanos.
Começa a ser difícil ter oferta para a crescente procura, estamos realmente a sentir dificuldade em conseguir dar resposta a todos os pedidos que nos chegam nesta zona.
JP – Olhando para o caso Proença, como é que se caracterizam as ofertas e procuras neste concelho em específico?
FG – Quer aqui na sede de concelho, quer nas inúmeras aldeias ao seu redor, ao longo dos anos, os imóveis que mais comercializámos, caraterizam-se sobretudo pelas casas rurais, as ruínas de xisto, as quintinhas e terrenos/lotes, os apartamentos e as moradias e até mesmo os espaços comerciais.
É bastante notável o crescimento nas vendas ao longo dos últimos anos. Todavia, a oferta está a ficar cada vez mais escassa. Até porque, inúmeras pessoas têm nos procurado com a pretensão de comprar ou arrendar apartamentos e pequenas casas rurais, e esse é um produto que, neste momento, quase não existe aqui.
Começa a ser difícil ter oferta para a crescente procura, estamos realmente a sentir dificuldade em conseguir dar resposta a todos os pedidos que nos chegam nesta zona. Há imóveis que nem chegam a ser anunciados no nosso site e acabam logo por ser vendidos. É preciso mais produto, mas também é preciso perceber que os valores de venda têm de ser ajustados com o mercado onde se inserem.

JP – Segundo sei a vossa empresa teve e tem alguns casos emblemáticos em mãos. Quais foram e são aqueles que mais se orgulham?
FG – Ao longo dos anos, foram inúmeros os imóveis emblemáticos e carregados de história que vendemos. Destacamos muito particularmente a Quinta da Casa da Tapada, em Amares (Braga), com um maravilhoso solar do sec. XVI. O Torre de Palma Wine Hotel, no Alentejo, adquirido pelo proprietário dos laboratórios Bluepharma, que transformou aquela propriedade num empreendimento turístico de luxo e de grande referência. Vendemos ainda a Torre Vã, no Baixo Alentejo, onde está a nascer um grande hotel de luxo; a antiga Fábrica do Sabão no Crato, de onde irá igualmente surgir um hotel rural; o Solar da Família Trigueiros de Aragão em Alcains, onde irá ser implantado um hotel de charme.
Mesmo em espaços urbanos, concluímos vários negócios de propriedades emblemáticas, como um famosíssimo e lindíssimo Palacete com jardim, na Rua São Marçal no Príncipe Real, em Lisboa, vendido a um investidor francês ou, mais recentemente, a Quinta de Santo Isidro, próxima de Castelo Branco, mandada edificar pelo Visconde de Tinalhas e a qual estamos, neste momento, a concluir a venda com um conhecido arquiteto brasileiro, residente em São Paulo.
JP – Que influência é que a atual pandemia trouxe para a vossa área de trabalho?
FG – Penso que é exequível dizer que, para todos aqueles que trabalham no ramo imobiliário, a pandemia veio-nos “obrigar” a reinventar ou apurar estratégias que nos permitam estar perto dos nossos clientes, mesmo estando confinados. Durante este tempo, aprendemos a fazer cada vez mais e melhor uso das novas tecnologias, criando vídeos de apresentação, 3D’s, e apostando em novos equipamentos e serviços, que nos permitiram realizar visitas mesmo à distância, seja para o cliente que se encontra em Lisboa ou para aquele que vive na Austrália. Foi desafiante, mas os resultados ultrapassaram largamente aquelas que eram as espectativas no início da pandemia.
No nosso caso em particular, e sendo a PortugalRur uma referência de âmbito nacional na mediação e venda de imóveis rurais, beneficiou e creio que continuará a beneficiar desta crescente tendência que, estamos em crer, deverá perdurar no decorrer dos próximos anos. As nossas aldeias e todo o interior irá beneficiar com isso, iremos assistir, de forma gradual, ao alavancar das economias locais e à chegada de novos habitantes, mais jovens e determinados, que procuram por estas paragens uma melhor qualidade de vida, trabalhando à distância, via online em contato direto e permanente com o mundo.
JP – 21 anos estão passados. Quais e projetos e perspetivas para os próximos 21?
FG- Quanto aos 21 anos que se irão seguir, creio que irão ser extremamente desafiantes, mas, o futuro a Deus pertence. Tenho a certeza de que teremos de continuar a fazer mais e melhor, teremos de continuar a tornar-nos mais competitivos com a concorrência e para isso é preciso trabalhar todos os dias para podermos oferecer aos nossos clientes um serviço de excelência, de confiança e cada vez mais profissional.