Dia da Poesia

Padre Doutor Aires Gameiro: 95 anos
Dia de poesia e de harmonia A vibrar frescas brisas de infinito: Aquecer corações de alegria Fecundar as mentes de sentido. Porquê só poemas de vates mortos, Acordados do chão para vaticinar E os vivos calados e absortos Sem chispar luzes e profetizar? Desassosseguem, já, Camões e Pessoa, Para dar vaticínios fora do Limbo; Passaram quinhentos, mais oitenta, Subam do Tejo Tágides ao Olimpo; O Vate dos Lusíadas, saneado de abril, Se dê posto em trono e voz global, Liberto de ameaças e gesto hostil, Reconhecido grão poeta imortal. Vibrem acordes a chorar e suplicar, Cantem leves melodias bem medidas Façam o indizível falar e alcançar Sentidos de palavras acendidas. Poesia não cabe em caixas Nem é candeia em alqueires fechados; Morre se a ligam em faixas Só vibra se sobe em ares alados Os poetas sonham sem medida Para além dos fundos oceanos E acima da luz azul perdida A brilhar em espaços arcanos Poesia é desejo que arde Ânsia e suspiro de mais além Em teima de alcançar e não chegar tarde: Sem o todo gritar não se sente bem. A esperança poética resiste; Se cai e soçobra, logo reverdece, Insiste e repete que sempre existe, Revive no profeta e permanece. No rescaldo da apresentação do livro “Sopros e respiros de crescer e ascender”
Dia da Poesia, 21 de março, P. Aires Gameiro