Carta para o Dia dos Namorados

*Pe. Aires Gameiro, Poema a convite, para Coletânea de Cartas de Amor
Amor ou Amar? Caros, todos, não perguntem qual a cor Já há muitas respostas, por aí, a voar? Não os saberei sossegar no que é amor, Talvez, possa dizer algo sobre amar. Amor não haverá, se não for em relação Amor será um nada, abstrato, parado. Só amar e ser amado em vivo cachão Se faz vida e divo perdoar, santificado: Circula e dá calor humano ao coração; Se falta esse calor e por todos não circular Em vez de bem comum, de amar, é tampão Que fecha o arejar do sopro a vivificar. Desponta mais o desamor que o amor, Sente-se primeiro não amar que amar? Sim, se aversão e frio desdém de coração Afloram a quem um ninguém ouvir e olhar. Mas amor de pai/mãe passa a ato de amar E ao amar, estes dão-se e ficam no seu nato: Pois amar é relação única do ego apagar: Sair de si, oferta a outro, em sangue dado. De coração a coração, em vida trina, instante, Serem dois e um, à vez, a cada momento Amar é dar sopro e respiro, divinizante, Passar vida ao outro no amar com alento. Não há dois na relação de se irmanar, Sem mútua estima, ajuda e reconciliação; Suave amar leva amigos ao sim de perdoar E a ser dois numa vida em paz e comunhão. Amor é palavra quente, sublime e fogo; Triste que seja tantas vezes corrompida; Alto amar muda os que dão sangue e folgo E garantem seu amor, no dom da vida. Vivem de amar em natura sublimada Perdoam e pedem perdão aos que amam Dons de graça aos homens revelada Por Jesus a morrer de amar em Jerusalém. Se aceitas o risco do amor ser nada; E, pior ainda, ser jogado como ilusão, E que só amar é ação de vida saciada: Ama e dá pão e esperança à multidão.