Balanço sobre o X Encontro Mundial das Famílias

 Balanço sobre o X Encontro Mundial das Famílias

O casal Vasco e Margarida Sá Nogueira fazem o balanço sobre o X Encontro Mundial das Famílias.

VN

Eu tinha grandes expetativas, mas estão a ser superadas. A verdadeira universalidade da Igreja, das experiências que temos todo alguma hipótese de ver, dias bastante intensivos, muito cheios, mas muitíssimo importante. O programa está muito bem feito, muito cuidadoso, e acho que vamos daqui muito mais ricos.

É importante ouvir histórias do resto do mundo?

MN

Eu acho que sim, sobretudo porque encontramos aqui pessoas de todo o mundo, de todos os países, e através dos testemunhos deles, percebemos que há muitos problemas que são comuns a muitas famílias, independentemente de onde vêm. Enquanto católicos, faz-nos sentir mais próximos, porque os nossos problemas são partilhados e vividos por outras famílias, e conseguimos perceber, através dos testemunhos, como é que muitos desses problemas foram superados. Acho que é uma experiência muito enriquecedora.

A preparação para o matrimónio é uma das áreas mais delicadas nesta questão da família… estamos a apostar o que devíamos nesta área?

VN

Julgamos que é uma das grandes novidades que sai deste encontro. Foi lançado o novo itinerário de preparação para o matrimónio, e isso é uma das grandes novidades que levamos daqui, o Papa lançou este documento de preparação verdadeiramente séria, onde é muito vincado que a preparação não deve ser só imediata, porque já é feita em todo o mundo, mas este documento vem apontar objetivos e dar diretivas para as diferentes conferências episcopais para bispos, padres, casais e pessoas em geral que estão empenhadas nesta matéria. É uma consciencialização de que a preparação deve ser logo a partir da infância, da adolescência, e depois haver uma preparação remota antes da preparação imediata.

São metas ambiciosas… como é que as podemos implementar num país onde nem 50% das paróquias preparam conforme o programa que já existe?

MN

Bom, eu estou convencida que a saída deste documento não significa que de hoje para amanhã temos de ter isto tudo a funcionar em pleno. É um itinerário, vai ser feito um caminho e adaptações que vão ter de ser feitas.

Mas a questão é muito clara: se os noivos estão decididos a constituir famílias verdadeiramente cristãs, têm de perceber que há um caminho a desenvolver e que esse caminho não é uma exigência, é um dom que a Igreja lhes concede, e que só lhes vai trazer benefícios para a família que irão constituir.

Agora, não há magia, pelo que naturalmente vai ser um caminho árduo e com dificuldades, mas não vamos pôr a hipótese de que não o vamos pôr a funcionar, temos de o fazer.

VN

Foi bem vincado que não é uma proposta para o imediato, é para uma geração ou duas gerações. Outras das coisas que nos agradou é que é bem claro que a preparação deve ser direcionada para casais jovens que vão casar, não descurando os casais que já vivem juntos, ou que até já vivem juntos, que também pedem o matrimónio, que é uma situação bem diferente.

É preciso que a Igreja defina regras que uniformizem a preparação para o matrimónio?

MN

A Igreja tem de dar orientações, e ter a consciência que as dioceses não são todas iguais e que os recursos não são todos iguais. A adaptação vai ter de ser faseada e adaptada a cada realidade, não podemos pegar no programa e dizer “é assim em todo o lado e ponto final”. Acho que há um caminho que temos de desenvolver e trabalhar, a nível das pastorais, a nível do clero e dos leigos, das estruturas que existem, para implementar. O que tem de estar claro, e está, é que esta é uma lacuna grande. Inclusive ouvimos aqui vários casais oriundos de outros países, que falaram na continuidade de formação que dão a casais recém-casados, que está incluída neste caminho de catecumenado, para ajudar os casais mais novos nas dificuldades que encontram na sua vida de casal e de família.

A diminuição assusta? A Igreja está preparada para isto?

VN

Se não está, tem de se preparar (risos), na nossa opinião. O que veio logo à nossa ideia é que isto vai ser complicadíssimo, porque se já nos queixamos que há poucos matrimónios na Igreja, agora, na nossa experiência, um fim de semana já é muito, o que será se propusermos um ano com reuniões periódicas. Secalhar vão diminuir 90% os matrimónios. Bom, paciência, é mesmo por aí que se tem de ir e avançar. Se um casal quiser batizar um filho em idade de catequese, o filho tem um itinerário de dois ou três anos para ser batizado, já não falando do filho que queira ser sacerdote, que está 6 ou 7 anos a preparar-se, no mínimo. Se é para o matrimónio, um fim de semana chega? Não podemos achar que o matrimónio é um sacramento de 2ª ou 3ª categoria…

Creem que essa diminuição traga aumento?

MN

É possível, mas essa não deve ser a nossa preocupação. A nossa preocupação é que estamos a fazer alguma coisa para, no futuro, termos famílias mais felizes e mais consistentes. Isto é por um bem maior, portanto não temos de estar preocupados com os números, pois, como crentes, acreditamos que o Espírito Santo também trabalha no meio de nós e destas situações todas.

* Ricardo

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