Todos, todos mas nada de confusões!
Decorridas várias semanas após o encerramento da JMJ, penso ser útil reflectir com a devida serenidade sobre a frase do Santo Padre: “Na Igreja cabem toos, todos, todos”.
Em diversos meios de comunicação social fez-se um enorme ruído acerca dessa expressão como se fosse uma postura inovadora da Igreja, e que agora sim, iriamos ter uma modernização e adaptação aos novos tempos.
Só alguém muito distraído pensava que na Igreja não cabem todos. A verdade é que muitos esquecem que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo e Jesus quando esteve entre nós “comia com publicanos e pecadores”, chamou para apóstolo, um cobrador de impostos, admitiu no grupo das mulheres que o acompanhavam uma prostituta, na Sua agonia, anunciou o primeiro santo, um ladrão que agonizava junto d´Ele.
Chama Paulo, um dos maiores acusadores dos primeiros cristãos que se transformar em um verdadeiro apóstolo. Para Cristo toda ovelha perdida merecia o Seu desvelo, contudo, em todos estes Santos houve um momento de conversão, de dizer não ao pecado.
Aderiram à Pessoa de Cristo no seu todo, não colocando qualquer reserva. Assim, a mulher adúltera deixou a sua vida pecaminosa, Paulo difundiu o cristianismo em lugar de o perseguir, Mateus substituiu a vida de conforto para ser companheiro de Jesus, que muitas vezes não tinha onde “reclinar a cabeça”, ou seja, há uma mudança de coração em todos eles.
O pecado grave deixa de ter lugar, ou se tem, como no caso de S. Pedro que nega o Salvador, há imediatamente lugar para o arrependimento. Aquele que julgam ser possível viver ofendendo a Deus e receber os sacramentos, está profundamente enganado, não é possível. A escolha é nossa ou Deus ou o pecado.
Por outro lado, muitos dos membros da Igreja têm sido autênticos testemunhos do coração de Cristo. Recordemos a Santa Teresa de Calcutá e de todas as suas seguidoras que acodem os mais pobres entre os pobres a tal ponto que um jornalista confessa que nunca seria capaz de uma obra dessas.
Aqueles que para alguns seriam completamente descartáveis e uma eutanásia resolveria o problema, na óptica deles, claro, mas estas irmãs tratam-nos com o máximo de carinho acompanhando a sua ida para o Céu, dando a assistência material e espiritual que tanto necessitam.
Um outro caso que não tem publicidade nos meios de comunicação social é uma (deve haver muitas como esta) que tem um lar para pobres e claro, o que estes recebem de pensão é diminuta, a Segurança Social contribui com pouco e são os paroquianos com o desvelo do pároco que arranjaram dois novos elevadores, várias cadeiras de rodas, etc…
Que seria destas pessoas sem ajuda desta paróquia? E os jovens que são acolhidos na Casa do Gaiato ou Obra do Padre Américo, tornando- se uns bons homens. Conheço um que é um óptimo professor, estimado por alunos e colegas e bom amigo. E muitos mais casos havia a relatar acerca da Igreja nas periferias…
Sim, na Igreja cabem todos mas não um pecador impenitente!