Opinião: Não estás só!
Num mês cheio de convívios e festas, o Papa Francisco desafia a Igreja a rezar pelos doentes.
O tempo da doença é sempre uma oportunidade para colocar a pessoa em crise existencial. Com mais ou menos meios, profissionais, políticas de saúde, a doença faz curvar a pessoa sobre si mesma; põe em causa as seguranças dos tempos da saúde; coloca a questão da morte e do desaparecimento deste mundo; apesar das pessoas que rodeiam, o sofrimento inerente à doença é vivido de forma solitária e intimista; a doença é algo que se vive na primeira pessoa ainda que se possa partilhar o momento com outras pessoas… muitas vezes, só damos por falta das pessoas nestes tempos de férias e festas quando estas deixam de aparecer, ficaram doentes!
Rezar pelos doentes é não esquecer aqueles que a circunstância vai relegando para o lado, para sua casa, hospital, cama de quarto, cadeira de rodas…; é cuidar para que o doente se descentre do sofrimento que o enrola sobre si mesmo para lhe dar sentido na contemplação da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus; é aprender a lidar com a nossa fragilidade a partir da fragilidade do outro; é tornar presente a pessoa de Jesus que padece connosco…
Desde a renovação litúrgica saída do concílio ecuménico Vaticano II, o sacramento dos doentes foi compreendido e celebrado num horizonte novo: a extrema unção deu lugar à Santa Unção. A primeira era o sacramento que preparava para a morte e desaparecimento deste mundo e a segunda é o acompanhamento do doente enquanto ser que sofre. Na Santa Unção, celebramos a proteção de Deus (Unção) que fortalece o doente para viver esses momentos difíceis.
Jesus também se sentiu abandonado e sozinho na cruz, mas sempre soube que, apesar do silêncio de Deus, havia uma presença de Deus Pai que o fortalecia e dava sentido a tudo o sofria.
A Santa Unção é o sacramento da cura. Acima de tudo, da cura espiritual: perdoa os pecados; ajuda a assumir a condição frágil da pessoa porque se reza o que dói; celebra a possibilidade de, em Jesus, termos a saúde e a vida eterna.
O sacerdote é o ministro do sacramento da Unção. Ele unge com o óleo santo, preparado pelo bispo na quinta-feira santa, o doente logo depois de lhe impor as mãos, sinal sacramental da descida do Espírito Santo sobre o doente.
Ainda que este sacramento possa ser proposto pelo sacerdote, deve ser pedido ou pelo doente ou pela sua família ou amigos. Se acompanhamos os nossos doentes com as melhores técnicas terapêuticas também podemos e devemos incluir a dimensão espiritual e a celebração da fé para melhor conforto dos doentes.
A Santa Unção é outra forma espiritualmente rica de celebrar o encontro com Jesus que me visita mediado pela presença do sacerdote e da família que reza.