O Homem é Um Animal de Hábitos

 O Homem é Um Animal de Hábitos
Maria Helena Paes
Maria Helena Paes

Hoje quando fui fazer a minha caminhada habitual encontrei uma amiga que referiu: “Somos animais de hábitos”. Fiquei pensativa. Na verdade adquiri este hábito graças à pandemia. Comecei a sentir a necessidade de me movimentar nem que fosse apenas dar a volta a um quarteirão. Mas a sua frase levou-me a pensar no meu percurso de vida. Tive a felicidade de realizar projetos fantásticos. Mas a par de toda a realização, Deus também me concedeu vivenciar momentos menos bons. Deve gostar muito de mim. Alguém dizia: “Tudo concorre para o bem!”Difícil mesmo é aceitarmos que o sofrimento tem um efeito redentor. Ajuda-nos a crescer rumo ao caminho da santidade. Pensei interiormente que quase tudo na vida exige sacrifício. Por esse motivo, precisamos de ser fortes todos os dias da nossa vida, porque temos uma missão a cumprir por amor, a qual ninguém pode fazer por nós. Deus conceder-nos-á as graças necessárias para enfrentarmos as dificuldades que possam eventualmente surgir. Recordo uma frase de S. Paulo que referia: “Tudo posso n´Aquele que me conforta”. E um dia deixaremos a nossa cruz e sofrimentos à porta do Céu, e seremos felizes para sempre. A recompensa é enorme, ou seja: a Vida Eterna sem dores nem sofrimentos, uma felicidade indescritível, conforme refere o mesmo S. Paulo: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que O amam”.

Não resisto a mencionar uma frase do Papa Bento XVI: “Não há amor sem sofrimento – sem o sofrimento da renúncia de si mesmo, da transformação e purificação do eu, para a verdadeira liberdade. Onde não houver algo pelo qual valha a pena sofrer, também a própria vida perde o seu valor”. Quantas vezes nos momentos mais difíceis, questionamos: “porquê?” Mas se pensarmos um pouco verificamos que nem Jesus foi poupado à Cruz. Amou-nos até ao fim, concretizando a nossa Redenção, o sentido da dor no mundo, mostrando a malícia do pecado e o amor de Deus por cada um de nós. E Sua mãe, Nossa Senhora que o viu morrer na Cruz no meio de um sofrimento atroz? Enfim, como alguém referia: “Somos pouca coisa, somos seres super-normais, com qualidades e defeitos”. Procuramos ser semeadores de paz, de alegria, pedindo a Deus que nos aumente a fé, a esperança e a caridade.

Estava eu imbuída nestes pensamentos quando recebo um telefonema da minha neta que vinha fazer uma visita e partilhar o modo como tinha decorrido esta primeira semana de aulas. Feliz, alegre, a gostar. Que bom! E partiu tendo semeado a alegria, referindo: “Muitos beijinhos e abraços para a tia que vais visitar hoje. Diz-lhe que gosto muito dela. As melhoras!” Que bom que tinha sido esta visita ainda que rápida mas profícua. E na realidade fui fazer a visita ao IPO. Encontrei a nossa parente, um mês depois de ter sido operada, um pouco cansada mas com esperança de sair a curto prazo. Saí uma hora depois bem mais feliz e animada.

Na véspera tinha tido oportunidade de participar no concerto comemorativo dos 50 Anos do Órgão de tubos “Pels & Van Leeuwen”, na Igreja de São Tomás de Aquino, volvida uma década da aquisição deste órgão, graças ao apoio de vários mecenas. Hoje constitui um elemento integrante e estimado por todos os paroquianos, uma presença incontornável na Eucaristia dominical e em vários concertos realizados. O concerto foi excelente, elevando o espírito, promovendo uma tarde encantadora que incluía um vasto programa, entre eles a ”Missa sobre o Mundo” para órgão e voz recitante de Alfredo Teixeira, uma Cantata de Johann Sebastian Bach. Contou com o Ensemble São Tomás de Aquino, residente nesta Igreja paroquial, formado desde 2015 por jovens músicos profissionais. No órgão esteve André Ferreira, a soprano Margarida Simões, o tenor João Pedro Afonso, Mariana Cardoso, alto, Pedro Morgado, baixo, João Andrade Nunes enquanto Maestro e Diretor Artístico. Tocou-me particularmente o Chorale: “Aquele que abençoado, faleceu; / Quando a morte já não o pode tocar mais; / Tudo lhe será concedido. Ele mora na cidade fortificada; / Onde Deus habita; / Ele foi levado para a mansão; / Onde nenhuma tribulação o atingirá”. Saí feliz e reconhecida por este bom momento vivenciado na Paróquia de São Tomás de Aquino.

Na verdade, como dissera a minha amiga, o homem é um animal de hábitos mas sempre a adaptar-se às diferentes mutações que vão surgindo ao longo da sua história de vida e da sociedade.

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