Maria do Céu Cardoso Inácio Tavares
É certo que partiste e a saudade que fica nos nossos corações permanece enorme! Mas sabemos que, onde quer que estejas, estás a olhar por nós com esse teu sorriso que sempre te caraterizou! Até porque a tua lembrança e o teu amor continuam vivos e presentes nas nossas vidas.
Amor Maior
“Mãe. Estou sentada contigo à soleira da porta, o inverno vai soalheiro, e o suculento cheiro das laranjas derrama-se no ar, e existe. É quase presente, de um fulgor inocente, ou quase verdade, desse fruto aberto. Mãe. Podes acariciar-me sem pressa os loiros cabelos limpos das poeiras obscuras, um poema onde os versos são de afeto, o sorriso quase eternidade de um Sol dourado. Mãe. Deixa ficar os beijos, o coração quente no peito, os abraços da manhã sobre a cama, a caminho da perfeição. O tempo é leve quase de seda. Porque o meu amor é entre a romã madura e os olhos fascinados, onde a beleza é mais pura. Mãe. É por dentro que a tua voz mais me faz falta. Neste silêncio onde me perco de coração desabitado húmido ainda das primeiras chuvas. Assim a solidão cresce sobre a existência, que é ferida de soluços. Mãe. Nem a candura doce das palavras nem as pombas brancas nos veios do céu te dirão o quanto te amo. Mãe. Não digas nada, escuta-me: a noite aproxima-se de mim, vou dormir contigo debaixo da pele.” (do livro “Aberto para sempre o corpo de mais uma estação” de Sandra Inácio, filha de Maria do Céu Cardoso Inácio Tavares)
*Homenagem de toda a Família