Inovação: avaliação de doentes cardíacos
Uma equipa do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho (UMinho) criou um software que converte a ecocardiografia de duas para três dimensões, o que pode vir a ser decisivo para avaliar doentes na urgência e nos cuidados intensivos.
A inovação agrega cinco vistas cardíacas em 2D para formar uma em 3D, de forma simples e acessível.
Os cientistas fizeram os testes com imagens simuladas e incidem agora em casos reais. Espera-se que este software possa ser adotado na prática clínica de hospitais, centros médicos e laboratórios em geral.
O software foi anunciado na revista científica Medical Image Analysis e tem a autoria de Sandro Queirós, João Freitas, João Fonseca e Jorge Correia Pinto, todos do ICVS da Escola de Medicina da UMinho, com a parceria de Jaime Fonseca, do Centro Algoritmi da Escola de Engenharia da UMinho, e Claudia Tonelli, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Brasil.
O ecocardiograma é muito utilizado para diagnosticar problemas cardíacos. Trata-se de um exame seguro e não invasivo que usa ondas de som (ultrassons) para criar imagens em 2D do coração, como a forma, o tamanho, o movimento das paredes e o fluxo de sangue nas suas válvulas e câmaras.
A visão tridimensional do ecocardiograma vai permitir detalhar a anatomia e a ação do coração, nomeadamente eventuais problemas.
Para os cientistas da UMinho, o novo software (que apelidam de focused cardiac ultrasound, FoCUS) é essencial para uma avaliação rápida das estruturas cardiovasculares e da função cardíaca à cabeceira do doente, sobretudo em contextos críticos.
Consideram que, atualmente, a maioria das unidades de saúde realiza ecocardiografias com equipamentos de qualidade média, com limitações no número de vistas adquiridas e que está dependente da experiência dos operadores, o que pode resultar numa avaliação essencialmente qualitativa da situação do doente.
“A nossa ferramenta supera estas limitações e explora o potencial de todas as vistas cardíacas num mesmo espaço tridimensional”,
explica Sandro Queirós.
João Freitas realça que os testes preliminares da equipa em dados sintéticos realistas validaram a eficácia desta abordagem e as técnicas 3D foram uma melhoria significativa face aos métodos geométricos bidimensionais utilizados na prática clínica.