Entrevista: Barco Casa conjuga “alojamento e passeio pelo Zêzere”
Pedro Castanheira de 41 anos é natural do Mosteiro de Oleiros, mas é na Aldeia de Xisto de Álvaro, que dá a conhecer o concelho oleirense ao país e ao mundo. Responsável pelo conceito, praticamente inexistente em Portugal, “Floating House” (casa que flutua), a ideia é, além de proporcionar verdadeiros momentos de tranquilidade, levar a liberdade da Natureza literalmente para dentro de casa. Pedro Castanheira está hoje na Grande Entrevista do Jornal de Proença para apresentar a seu “Barco Casa”.
Como e quando surgiu esta ideia?
Foi há relativamente 3 anos que iniciámos, mas o trabalho está feito há muito mais tempo. Enquanto pescador de achigã, como muitos aqui no rio, a ideia começou a sugerir aos poucos. Inicialmente com um barco de passeio, mas achei que passeio só pela natureza ia ser pouco, foi então que tentei conjugar ao máximo os conceitos possíveis. Depois de alguma pesquisa, consegui ver que havia barcos com alguma capacidade de albergar pessoas, em alojamento, e tentei conjugar o alojamento ou passeio pelo rio. Por fim foi tentar arranjar um barco que se identificasse também com a nossa zona. Com a ideia pensada foi seguir em frente.
Pedro Castanheira
Isto é uma ideia quase original, muito pouco vista. Quando teve a ideia e começou a falar com as pessoas achou logo que a ideia podia ser um sucesso?
Acaba por ser uma ideia diferenciada é certo. Eu não comentei com muita gente, mas as poucas que falava apoiavam, mas nunca pensavam, certamente, que fosse possível. Eu andei com o processo durante quatro anos para conseguir conjugar tudo, foi um processo demoroso com muita burocracia. Confesso que quase já estava para desistir, mas consegui implementá-lo.
Agora com a ideia concretizada, como tem sido o feedback das pessoas?
Tem sido excelente! Mais de 80% das pessoas são do Norte, muitas de Lisboa. Eu noto que principalmente que as pessoas dos grandes centros estão todas a fugir para este tipo de zonas. Acabam por estar saturadas da confusão e então procuram este tipo de retiros com alguma qualidade de descanso.
O seu objetivo também foi esse de dar alguma tranquilidade? Sentia essa necessidade?
Foi mais até para mostrar a qualidade do espaço e do tempo que eu passava, sem dar conta de o tempo passar, na pesca. Um dia de pesca passa rápido e gostando disso foi o que tentei passar. Mas para trazer pessoas temos de ter qualidade e nesse caso pensei no alojamento conjugado com o passeio.
Esta área do turismo foi sempre a sua área de profissão?
Não! Não tem nada haver! Sou militar da GNR.
Então para si tudo isto também é uma novidade?
Completamente! Tenho me ajustado bastante. E também não esperava tanta procura. Por isso agora vamos também tentando conjugar para ver se consigo aumentar a frota.
Contudo houve o cuidado de pensar também no ambiente, que atualmente é uma grande bandeira da sociedade!
Sim e foi uma preocupação que encareceu bastante o projeto. Se as pessoas se aproveitam da qualidade da água que o Zêzere tem, e que nos oferece, eu tinha que ter o cuidado com o mesmo. Não podia estar por exemplo a despejar águas sujas para o local onde as pessoas tomam banho e daí a estação de tratamento de águas residuais. Depois, eu podia ter aproveitado melhor a parte de cima do barco, até para possibilitar ter mais pessoas para passeio, mas na altura surgiu a hipótese de colocar painéis para a própria casa, se ficar atrancada no meio do rio, ser autossustentável. E os dois painéis solares que permitem aquecer as águas para tomar banho e para a qualidade da casa.
Pedro Castanheira
Acha que isso também tem sido uma vantagem para chamar mais pessoas?
Completamente! E ainda bem que eu tive esse cuidado, mesmo que tenha encarecido muito o projeto, faz toda a diferença no meio onde estamos e cada vez mais.
O projeto é seu mas foi criando parcerias com outras entidades, por exemplo na gastronomia, para que as pessoas possam também ficar a conhecer melhor a região, e neste caso o concelho de Oleiros.
Sim e isto só faz todo o sentido se trabalharmos todos em conjunto. Se não houvesse boa gastronomia o efeito do barco se calhar também se ia perder. Os contextos complementam-se sempre. As pessoas além de conhecer gostam de comer, e no nosso caso temos o Cabrito Estonado que é um chamariz há já muitos anos. E se conseguir conciliar todos estes fatores é excelente.
Pedro Castanheira
E com tudo isto no ano passado viu o seu trabalho a ser recompensado com o prémio “5 Estrelas Regiões”. Como foi receber essa distinção?
Sim é verdade! Foi um desafio que nos propusemos a nós próprios. Concorremos com algumas unidades hoteleiras prestigiadas, cá da zona, e acabar por receber o prémio foi excelente! Até eles próprios tiverem o cuidado, e perceberam, que tivemos todos os cuidados com a natureza e com a sustentação do projeto.
É uma motivação para continuar?
Claro que sim! Sabe sempre bem ver o nosso trabalho recompensado.
Crescimento então é a palavra de futuro?
Sim, a ideia, se tudo correr bem, é aumentar! Mas temos que aumentar com cuidado e manter o mesmo contexto. Garanto que vamos ter esse cuidado se assim acontecer. Tudo o que seja em massa é bom, mas também poderá ser demais e estragar, daí ter o cuidado no aumento do negócio e da frota.
Já tem alguma perspectiva de reservas para este novo ano?
Sim, no Verão por exemplo já tenho alguns fins-de-semana reservados, nesta fase, até Maio, praticamente o Verão fica composto, já assim é há dois anos. Falta compor esta fase de Inverno, que aos fins-de-semana até vão estando preenchidos, mas que de semana ainda vai havendo sempre disponibilidade.
Em suma se alguém quiser usufruir deste espaço como é que pode fazer?
É bastante fácil! Estamos presentes nas redes sociais, temos o nosso site e facilmente entra em contacto e faz a reserva ou marcação de passeios.