Em tempo de guerra, mentira é como terra

 Em tempo de guerra, mentira é como terra
J. B. Teixeira – Jornalista

Você sabia que o território do Panamá pertencia à Colômbia? Tomei conhecimento disto através do livro “Confissões de um assassino econômico”, de John Perkins, publicado em 2004. Perkins alinha três frentes para a conquista do que os Estados Unidos ambicionam. Primeiro, os técnicos, com a missão de tornar outros países dependentes, por meio de projetos e empréstimos. Não deu certo? Entram em cena os chacais para eliminação dos entraves. Por fim, se os dois níveis anteriores falharem, a guerra é o recurso sempre à mão.

Outra obra, “A desordem mundial: o espectro da total dominação”, de Luiz Alberto Moniz Bandeira, documenta fartamente a queda das liberdades individuais nos Estados Unidos e sua decadência moral no plano internacional, decorrente da legislação criada no combate ao terrorismo, com o campo de concentração de Guantánamo e uma rede de prisões secretas. Criou-se a figura do “combatente inimigo ilegal” para desrespeitar todas as leis, deixando os cativos à mercê dos inquisidores.

Bush e sua administração aprovaram o uso de arbitrariedades e toda espécie de tortura, como assalto sexual, humilhação, privação de sono, confinamento, simulação de fuzilamento, medicação forçada, uso de cães para amedrontar o prisioneiro, manutenção com algemas, padecimento sob mudanças extremas de temperatura, bombardeio sensorial (ruídos), observação de sessões de tortura, submersão em uma tina com gelo e submissão a técnicas psicológicas. Aos mais interessados: busquem a publicação “Human resource exploitation training manual”, um alfarrábio de técnicas abusivas para arrancar informações de prisioneiros.

Bandeira cita trechos de um discurso de Barack Obama aos cadetes da Academia Militar de West Point: “os Estados Unidos é e continua sendo a única nação indispensável … o que tem sido verdadeiro no século passado e será verdadeiro no século que virá”. A única nação?

Qual a origem desta sandice? No século XIX uma doutrina, conhecida como Destino Manifesto, seduziu muitos norte-americanos, que passaram a acreditar que seu país deveria se expandir territorial, religiosa e culturalmente com a missão divina de levar a liberdade a todos os povos. A corrida para o Oeste é contemporânea desta crença, que ganhou força com a compra da Louisiana, a conquista do Texas e desde então subsidia o expansionismo e a pretensão de superpotência. Tudo, claro, para o bem da humanidade. Esta crença segue vigente, independentemente da corrente política eleita naquele país.

Segundo Bandeira, para surpresa de todos, o democrata Obama perseguiu a mesma linha do republicano Bush para estabelecer a hegemonia sobre o planeta, como a única nação de fato soberana. Obama manteve os Estados Unidos num estado de guerra, combatendo “um inimigo invisível, não identificado, sem nome e sem parâmetros”.

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Na aparição em Fátima, em 13 de julho de 1917, Nossa Senhora deixou as seguintes palavras:

A guerra  (Primeira Guerra Mundial) vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de  perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas; por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.

Note-se que em julho de 1917 a Rússia ainda não se tornara comunista, o que realça ainda mais o sobrenatural da manifestação de Nossa Senhora, antecipando o surgimento de um regime essencialmente anticristão e profundamente anticatólico.

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Não tenho admiração alguma por Putin e muito menos pelo comunismo, mas a verdade não pode ser subtraída. Há mais de três décadas James Baker, secretário de Estado do governo Bush, em encontro com Mikhail Gorbachov, secretário geral do Partido Comunista e chefe do governo da União Soviética, firmou o compromisso de que a OTAN não expandiria suas fronteiras. Esta era a condição fundamental para que Moscou concordasse com a reunificação alemã e sua permanência na aliança militar ocidental.

Oito anos depois a OTAN incorporou Polônia, Hungria e República Tcheca. No século XXI outros membros ingressaram, como Albânia, Croácia, Montenegro e Macedônia. Gorbatchov revelaria sua decepção com os políticos ocidentais e morreu quase no esquecimento.

Editada em 2016, a obra “A desordem mundial: o espectro da total dominaçãomostra-se profética ao desvelar a estrada aberta pelo ocidente, capitaneado pelo império norte-americano, para o conflito na Ucrânia, sem distinção prática entre governos democratas e republicanos. O comando? Em mãos pouco visíveis. Segundo alguns, com as digitais do que denominam Deep State.

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Recentemente li um artigo do polonês Valdis Grinsteins segundo o qual é sutil, mas real, “a metamorfose do comunismo clássico e sua expansão pelo mundo, especialmente a partir da Revolução da Sorbonne, em 1968. É a Revolução Cultural de cunho esquerdista que vai desagregando toda a sociedade pela dissolução dos costumes, a disseminação da droga, o divórcio, o aborto, ...”.

Ao observarmos a polarização do mundo, deplorando o comunismo, mas admirando o capitalismo com moderação, ficamos, como se dizia antigamente, entre a cruz e a espada. Debaixo de uma gritaria estridente, mal divisando contornos pálidos, abundam erros e incertezas, que se emaranham, revoluteando nossas cabeças. Porque buscar a verdade virou sinônimo de procurar agulha em palheiro.

Tenho observado muito cansaço pela deterioração espiritual de nossa época e volta e meia sou surpreendido pela hesitação de pessoas cuja fé parece maior que a minha. É hora de nos ampararmos e de jamais esquecer a promessa de Nossa Senhora: “por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. Se nos tocou enfrentar o mar revolto, tenhamos fé e coragem.

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