Advento: espera, atenção

 Advento: espera, atenção

É novamente Advento! Tempo de Espera, de palpitação por Alguém que vem! É sempre Ele, o Deus-connosco, Aquele que já veio (e que “veremos”, de novo encantados como crianças, no Mistério de Belém). Aquele que ainda vem: a cada dia, até ao final da história.

O Senhor Vem! É certo o seu Advento. É incerta a hora. No evangelho, Jesus compara a sua vinda a um dilúvio e a um assalto. A intensidade e a surpresa são familiares ao amor. Que não nos sejam entrave para o encontro com Ele. A palavra chave é vigiar.

Só vigiamos o que nos interessa ou o que amamos! Vigia o proprietário os seus bens, vigia o apostador do euro milhões a revelação dos números da sorte, vigia o coração da mãe o regresso noturno de um filho ausente, vigia, com os olhos ansiosos, o apaixonado o visor do telemóvel…

A vigília que o Advento nos propõe é uma vigília de amor. É uma atenção e sensibilidade ao Deus que se revela em cada dia, na singeleza de tantos detalhes… reconhecíveis a quem ama e a quem espera. Será que a nossa sede d’Ele nos impele a espera-Lo com perseverança? Ou andaremos, confundidos, a deixar abafar a vigília de Deus por uma profusão de distrações vãs?

Deus também nos vigia, amorosamente. Porque Deus é Amor. E o amor vigia, livre de prazos e de relógios, livre de convenções e de formalismos! Vigia-nos com intensidade e com surpresa.

Vigiar o Deus que transformou em vida um pensamento eterno sobre mim; que vigia as palmas das mãos onde tatuou a minha imagem (Is 49,16); que me vigia quando caminho e quando descanso… (Sl 139), que se assegura, em permanência, do meu respirar e dos batimentos do meu coração; vigiar um Deus que “assaltado” de amor, comete a loucura de vestir a minha carne e faz sua a minha tenda, para melhor vigiar a minha felicidade… é essa a vigília a que Deus me chama neste advento.

Atentemos que até a atmosfera está grávida de Deus, na iminência de O fazer chover para nós. Não sejamos como os que não dão por nada, e não temamos as consequências do assalto de Deus! Pela atenção aos sinais, pela escuta da sua Palavra, pelo esforço da conversão, disponibilizemos o nosso espaço interior e abramo-nos ao único dilúvio capaz de aquietar a sede do nosso coração inquieto. Sim, Ele é o dilúvio da vida, da paz, da harmonia… da beleza. O dilúvio que vivifica, que renova o mundo. Ele quer inundar os nossos corações e, por eles, o mundo inteiro. Despojados de nós mesmos, possamos rechear-nos da abundancia da vida de Deus, para que todos possam encontrar em nós um manancial de Evangelho!

*Padre Luís Manuel

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