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400 milhões de adultos com diabetes
Entre 1990 e 2022, a taxa global de diabetes em adultos – tipo 1 e 2 combinados – duplicou, de aproximadamente 7% para cerca de 14%, com o maior aumento a ser registado em países de baixo e médio rendimento.
Dos 828 milhões de pessoas diagnosticadas em 2022, estima-se que mais de metade (cerca de 450 milhões) esteja sem receber tratamento.
As conclusões são de um estudo internacional, com a participação de investigadores da Universidade de Coimbra, que foi publicado esta quinta-feira (14 de novembro), Dia Mundial da Diabetes, na prestigiada revista científica The Lancet.
“Este estudo destaca o aumento das desigualdades globais na diabetes, com taxas de tratamento estagnadas em muitos países de estatuto socioeconómico médio-baixo, onde o número de adultos com diabetes está a aumentar drasticamente”,
destaca Aristides M. Machado-Rodrigues, docente da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra, e um dos coautores da publicação, que também contou com a participação de Lèlita C. Santos e Luísa M. Macieira, professoras da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
O estudo, coordenado pela rede NCD Risk Factor Collaboration em colaboração com a Organização Mundial da Saúde, fornece informação detalhada sobre a evolução das taxas globais da diabetes, que duplicaram tanto nos homens (6,8% em 1990 para 14,3% em 2022) como nas mulheres (de 6,9% para 13,9%), no período em análise.
Com o impacto adicional do crescimento populacional e do envelhecimento, isto equivale a cerca de 828 milhões de adultos com diabetes em 2022, “um aumento de aproximadamente 630 milhões em relação a 1990”, referem os autores deste artigo, que foi a primeira análise global das tendências da prevalência e do tratamento da diabetes que incluiu dados mais de 140 milhões de pessoas, provenientes de mais de 1000 estudos populacionais de diferentes países.
A análise global dos dados mostrou que dos 828 milhões de adultos com diabetes em 2022, mais de um quarto (212 milhões) vivia na Índia e cerca de um sexto (148 milhões) residia na China, seguindo-se EUA (42 milhões), Paquistão (36 milhões), Indonésia (25 milhões) e Brasil (22 milhões) como os países com maior número de diabéticos.
Simultaneamente, o artigo aponta que apenas as pessoas que vivem na América do Norte, na Australásia, na Europa Central e Ocidental e em algumas partes da América Latina, da Ásia Oriental e do Pacífico registaram uma melhoria significativa nas taxas de tratamento da diabetes entre 1990 e 2022, registando-se um agravamento das desigualdades globais no tratamento da diabetes.
“O nosso estudo destaca que, durante as últimas décadas, as taxas de tratamento da diabetes estagnaram nos países de baixo rendimento, resultando em quase 450 milhões de adultos com diabetes, em todo o mundo, que não receberam tratamento em 2022.
Isto é especialmente preocupante porque as pessoas com diabetes tendem a ser cada vez mais jovens nos países de baixo rendimento.
E, na ausência de tratamento eficaz, correm um risco aumentado de complicações ao longo da vida, incluindo amputação, doenças cardíacas, danos renais e perda de visão, ou em alguns casos, morte prematura”,
concluiu o coordenador do estudo, Majid Ezzati, professor do Imperial College London, do Reino Unido.