10 de Junho

 10 de Junho

No Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas comemora-se a data de 10 de Junho de 1580, morte do poeta Luís de Camões, sendo também o dia dedicado ao Santo Anjo da Guarda de Portugal, uma das designações atribuídas a São Miguel Arcanjo que representa Portugal, ou seja, a essência espiritual na figura de um arcanjo que protege a nação portuguesa.

Esta devoção terá surgido pela primeira vez na Batalha de Ourique, pelo ânimo que deu às tropas cristãs comandadas pelo nosso jovem monarca, D. Afonso Henriques, face aos invasores muçulmanos, que apesar de serem em número muito superior, saiu dela vitorioso.

A Batalha de Ourique desenrolou-se em 25 de Julho de 1139, significativamente, de acordo com a tradição, no dia do provável aniversário de D. Afonso Henriques e de São Tiago, que a lenda popular tinha tornado patrono da luta contra os mouros; sendo um dos nomes populares deste santo, o “mata mouros”. A tradição narra também que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano português teve uma visão de Jesus Cristo rodeado de anjos, na figura do Anjo Custódio de Portugal, garantindo-lhe a vitória no combate que ia travar. 

Tão grande devoção teve-a igualmente o rei D. Manuel I que, com os Bispos do Reino, solicitou ao Papa a sua oficialização, a qual foi autorizada pelo Papa Leão X, passando a festa do Anjo Custódio do Reino a ser realizada no terceiro Domingo de Julho, a partir 1504. 

Esta crença quase desapareceu depois do séc. XVII. Porém o 10 de Junho começou a ser particularmente exaltado com o Estado Novo, o regime instituído em Portugal em 1933 sob a direcção de António de Oliveira Salazar e também foi a partir desta época que o dia de Camões passou a ser festejado a nível nacional. 

Até ao 25 de Abril de 1974, o 10 de Junho era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, este último epíteto criado por Salazar na inauguração do Estádio Nacional do Jamor, em 1944. A partir de 1963, o 10 de Junho tornou-se uma homenagem às Forças Armadas Portuguesas, numa exaltação da guerra e do poder colonial. Com a Terceira República o período da História de Portugal, que corresponde ao actual regime democrático estabelecido após a Revolução de 25 de Abril de 1974, esta data passou a denominar-se a partir de 1978 como sendo o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Em 1952, foi mandada inserir no Calendário Litúrgico português pelo Papa Pio XII o Dia do Santo Anjo da Guarda de Portugal, para também ser comemorado no dia de Portugal, 10 de Junho. 

Nas suas Memórias a Irmã Lúcia conta que, entre Abril e Outubro de 1916, já tinha aparecido um Anjo aos três pastorinhos, por três vezes, duas na Loca do Cabeço, no lugar dos Valinhos, e outra junto ao poço do quintal de sua casa, chamado o Poço do Arneiro, no lugar de Aljustrel, em Fátima, convidando-os à oração e penitência, e afirmando ser o “Anjo da Paz, o Anjo de Portugal”.

Este anjo terá ensinado aos pastorinhos de Fátima duas orações, conhecidas por Orações do Anjo, as quais entraram na piedade popular e são utilizadas sobretudo na adoração eucarística.

As aparições de Fátima, há cento e quatro anos, foram a última aliança de Nossa Senhora com Portugal, uma resposta do Céu às contínuas Alianças dum povo e duma nação que, desde os primórdios, elegeram a Virgem Maria como sua Padroeira.

A sombra luminosa de Fátima cobriu o mundo do século XX, o século mais terrível e sangrento de toda a história mundial, a Virgem desceu do Céu e veio junto do povo que, ao longo da sua existência como nação, sempre A teve a seu lado como Nobre Padroeira e Mãe Santíssima.

Fátima apresenta-se como uma resposta do Céu à noite cinzenta e metafísica do mundo de então, com um predomínio excessivo da ciência, da técnica, com laivos desumanos e destrutivos, como o desenrolar do século XX nos veio comprovar especialmente nas duas grandes guerras, mas não só, pois prolongou-se pela segunda metade do século e neste em que estamos, ainda se mantém e faz muitos distúrbios, mortes e atentados terroristas.

No cerne da mensagem de Fátima encontra-se a ideia de reparação, que só pode ser concretizada com a cooperação dos homens, pois os planos de Deus não são deterministas, mas contam com a liberdade humana para se concretizarem.

Para que serviram as aparições do Anjo em 1916 e de Nossa Senhora em 1917? Para recordar ao mundo, cada vez mais esquecido, que a vida na terra é algo temporário, frágil e passageiro, o nosso fim último não é este mundo, mas a eternidade.

*Maria Susana Mexia

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