Uma presença que nos habita

 Uma presença que nos habita

*Por Maria Leonarda Tavares

Os espaços que nos rodeiam enchem a nossa mente de flashes de Natal.

Uma festa de celebração do nascimento de Jesus e de encontro da família que, para muitos, se transformou numa catástrofe natural.

Em vez de alegria há um grande sentimento de obrigação.

Quantas vezes o primeiro pensamento vai para a compra dos presentes. Algo de aborrecido e dispendioso. E nem sempre agrada a quem é oferecido.

 Dar um presente a alguém é ser capaz de entender as suas preferências e sensibilidade; sem a preocupação do valor monetário.

O Natal em si deveria ser o grande presente, o convite ao nascimento para uma vida mais fraterna, um encontro de coração a coração com a família e os amigos.

Porém, o Natal, em boa parte, transformou-se num evento comercial.

De que serve o ritual de ornamentação, oferta de presentes, formulação de votos se não lhe atribuirmos um sentido de profundidade interior?

Se recuarmos umas décadas atrás sabemos que o Menino Jesus foi substituído pelo Pai Natal.

A componente religiosa e espiritual quase se apagou da memória em favor de uma comercialização de toda a quadra festiva.

Para os que ainda constroem presépios e assumem a importância e a verdade das personagens que protagonizam a história que celebramos, elas são sinais luminosos de uma reflexão intensa e profunda.

Ensinam-nos a descobrir a estrela que ilumina o caminho dos afetos e de todos os pequenos gestos de amor.

No mais íntimo de nós sabemos que precisamos de um salvador.

O nascimento do Menino Jesus, como qualquer outro, abre o nosso coração para o grande milagre que é a vida e para o que representa a nossa existência. O que somos, o que fazemos, o que investimos para fazer dela algo que valha a pena.

O Natal é o enquadramento perfeito para repensarmos e questionarmos a nossa viagem, a bagagem que carregamos, o trilho que deixamos, as sementes que fizemos florir.

Enfim, tudo o que temos feito com os dons que a vida nos concedeu.

Cada um de nós vive o Natal à sua maneira. É algo de muito pessoal. Podemos optar pela solidão, o vazio, a tristeza ou pelo encontro que nos estende os braços e nos convida a reaprender o abraço.

Com o Natal termina um ano em que nem sempre aconteceu Natal na nossa vida.

E o ano que aí vem? Só será um ano novo se renovarmos o nosso olhar e o nosso espírito. Se nos propusermos um projeto a cumprir. Nada de muito difícil para não falharmos.

Com os que caminham connosco, podemos construir algo de sagrado feito de coisas simples e muito humanas que, por vezes, permitem a ligação entre o céu e a terra.

Que ao longo de 2026 o Natal seja uma presença que nos habita.

Agradeço à equipa deste jornal a vontade e a coragem com que se mobilizam, dia após dia, para nos informar, nos aproximar das raízes, contribuindo também para um avivar de memórias.

Aos leitores, o elemento mais importante, porque sem eles o jornal não existiria, votos de um contributo valioso na apreciação, crítica, valorização dos conteúdos que são aprendizagem, estabelecem relações e nos unem.

A todos os que fazem parte desta grande família, desejo que a Estrela de Belém ilumine o caminho da alegria e da paz nos corações.

Que em 2026 os nossos dias valham a pena pela diferença que fizermos para a vida dos outros.

Um grande abraço para todos e cada um.

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