Natal – Disto e Daquilo

Ainda não estamos em dezembro e já as ruas iluminadas nos lembram que se vai festejar o nascimento de um Menino que, para milhões de crentes ao longo de mais de 2.000 anos, é Deus humanado, que vem trazer a luz ao mundo.
Essa luz é um mandamento novo: amai-vos uns aos outros.
Não sabemos com exatidão quando nasceu Jesus.
Historiadores apontam, passe o aparente paradoxo, para sete ou oito anos a.C. isto é, antes de Cristo.
O Papa Júlio I, que reinou desde o ano 327 até à sua morte em 12 de abril de 352, organizou e estabilizou a vida litúrgica após a legalização do cristianismo pelo Imperador Constantino.
Confirmou a data de 25 de dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus, que já vinha sendo festejada pelos cristãos. Ficou assim oficializada.
E por que razão começaram os cristãos a festejar o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro?
É que no século III d.C., (depois de Cristo) surgiu em Roma o culto do Sol Invictus, o Sol invencível. O Sol era divinizado como uma força suprema, eterna, invisível.
Embora os cultos solares existissem há muito tempo e em várias religiões, como a egípcia, o Sol Invictus tornou se oficial como divindade do Império Romano em 274 d.C. quando o Imperador Aureliano o proclamou deus principal do Estado.
Não era propriamente uma religião separada. Reconhecia os outros deuses do panteão romano, mas dava primazia ao Sol como divindade, podendo o culto ser praticado por pessoas de qualquer religião.
Era usado pelos imperadores romanos como símbolo de unidade política.
Mesmo Constantino, que favoreceu os cristãos, venerava-o igualmente.
A sua festa mais famosa era o Dies Natalis Solis Invictus, (Dia de Natal do Sol Invencível) instituído pelo imperador Aureliano, celebrado a 25 de dezembro, próximo do solstício de inverno, quando o sol «renasce» e os dias voltam a crescer gradualmente.
O Sol volta a vencer a escuridão. Daí o seu nome: invictus / invencível.
Não há provas de que o Natal tenha sido copiado, mas as duas datas acabaram por coincidir. O cristianismo não copiou diretamente, mas há coincidência temporal. Foi uma data conveniente para os cristãos, porque já era um feriado popular, simbolizava a luz, renascimento e vitória, temas compatíveis com os valores do cristianismo.
Tal como o Sol Invictus vencia a escuridão, também Jesus, o Redentor, veio ao mundo para vencer as trevas em que o pecado de Adão tinha mergulhado o mundo.
O culto foi desaparecendo com a oficialização do cristianismo. Com efeito, em 313, o Imperador Constantino proclamou a tolerância religiosa em todo o Império Romano, declarando mesmo que o cristianismo era a religião preferida pelo Estado.
No entanto, é curioso: Constantino, que só se batizou no final da vida, continuou a praticar o culto do Sol Invictus.
Mais tarde, em 380, o Imperador Teodósio I proclamou o cristianismo como a única religião legítima do Império, ao mesmo tempo que pôs fim ao apoio estatal às outras religiões, proibindo igualmente todas as suas práticas.

