Diocese: Bem-haja, Dom Antonino

Dom Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco
Foram exatamente 17 anos de missão como nosso Pastor, sempre guiado pelo seu lema episcopal: “É preciso que Ele cresça”. Diante do Colégio de Consultores, em 07 outubro de 2008, Memória da Virgem Santa Maria do Rosário, Dom Antonino Eugénio Fernandes Dias tomou posse como Bispo de Portalegre-Castelo Branco. E foi no dia 07 de Outubro de 2025 que o Papa Leão XIV aceitou o seu pedido de resignação, à luz do II Concílio do Vaticano. Permanece, porém, como Bispo Emérito desta Igreja diocesana. No mesmo dia, Leão XIV nomeou o Padre Pedro Alexandre Simões Gouveia Fernandes, Missionário do Espírito Santo, como Bispo Eleito de Portalegre–Castelo Branco.
Manifestados os primeiros gestos de júbilo e acolhimento ao Bispo Eleito, com visita a Lisboa, de imediato se começou a pensar na sua entrada na Diocese e na homenagem bem merecida e devida ao agora, Administrador Apostólico, Dom Antonino Dias.
Contactado sobre este desejo da Diocese, Dom Antonino foi pronto a dizer que o tempo é pouco para preparar o acolhimento ao novo Bispo e isto é o mais importante, como se dissesse: “É preciso que Ele cresça…”
Mas a Luz tem de ser posta no candelabro (cf Mt 5,15).
Fazê-lo de modo exaustivo não é tarefa fácil, nem talvez oportuna, pois quando se quer fazer há sempre alguma coisa que fica esquecida e os anos de ministério episcopal entre nós e connosco foram cheios de tantos momentos felizes e fecundos que deixamos ao Senhor que lhe faça chegar a alegria da merecida recompensa (cf Mt 6,4).
Mesmo assim, aqui ficam alguns “flaches” mais significativos do seu ministério episcopal por terras alentejanas, beirãs e ribatejanas.
Quase logo à chegada, escutou o presbitério convocado, e acolheu a proposta de realizar um Sínodo Diocesano – concretizado entre 2009–2016, com o lema “O Dom está em ti (1 Tim 4,14)” que envolveu a comunidade diocesana e deixou desafios que ainda hoje são atuais, integrados agora na caminhada sinodal a que o Papa Francisco também veio dar um prometedor “empurrão”. Da caminhada feita resultou a publicação em 2016, O Dom está em ti – Sínodo Diocesano 2009/2016.
Neste contexto de evangelização, de proximidade e construção de comunidade se enquadram as sequenciadas Visitas Pastorais aos cinco Arciprestados – nos primeiros meses, visitou quase todas as paróquias da Diocese – Dom Antonino deixou em dezessete livros as atas destas Visitas Pastorais e Crismas, por si mesmo redigidas e manuscritas, livros agora entregues à Diocese, em brochuras devidamente encadernadas, a testemunhar o caminho espiritual e humano feito pela comunidade diocesana e social em quase duas décadas, acessíveis no Arquivo Diocesano, para consulta e reflexão. Deixou também dezesseis volumes intitulados Visitas Pastorais – Inquéritos, inquéritos que precederam cada Visita pastoral: respostas dos párocos, desenhos e fotos.
De sublinhar também a valorização dos Dias diocesanos: de cada Secretariado, de cada Movimento eclesial, da Peregrinação diocesana anual ao Santuário de Fátima.
Esta presença de Pastor também foi notável em praticamente todas as reuniões mensais dos cinco Arciprestado, dos padres e diáconos e algumas vezes de alguns leigos e consagradas; nas reuniões dos seus diversos Conselhos (Presbiteral, Pastoral e Económico). Sempre esteve próximo do Clero e dos fiéis.
Outro capítulo marcante do seu ministério foi a formação e o compromisso efectivo dos leigos na vida das Comunidades (membros dos Conselhos económicos, a Schola Cantorum, Ministros da Comunhão, da Celebração Dominical, da Celebração das Exéquias); a ordenação de Diáconos permanentes.
No caminho eclesial, merece destaque a “maratona” percorrida para a realização das obras de reabilitação da Igreja Catedral de Portalegre, com a ajuda da Comissão Diocesana dos Bens Culturais da Igreja, por ele fundada e sempre carinhosamente acompanhada; promoveu a inventariação do riquíssimo património religioso existente na Diocese (igrejas, imagens, paramentos, alfaias litúrgicas, quadros …).
Propôs a celebração dos 475 anos da criação da Diocese (1549-2024), valorizando sempre a vivência espiritual desta efeméride, e numa perspectiva evangelizadora.
Importa referir também as homilias, as três Cartas Pastorais (Cinco pães e dois peixes – Três anos depois…, 2012; Dai-lhes vós mesmos de comer, 2015; e A bem da família, 2018), e outros escritos, e as “mil e uma crónicas” nas redes sociais e na sua página semanal do Facebook; uma palavra sempre oportuna, atual, sábia e desafiadora para quem tinha a coragem de a ler e de a digerir bem, sempre com o timbre da missão evangelizadora a que o Bispo é chamado.
Durante tantos anos de serviço episcopal não faltaram momentos difíceis e dolorosos no caminho eclesial e social; a sua proximidade às pessoas por ocasião da calamidade dos incêndios e outras situações dolorosas foram sempre notadas e agradecidas. Com pena, sentiu a impossibilidade de continuar a requalificação do edifício do Seminário de Portalegre, iniciada com o seu impulso, para o seu aproveitamento no âmbito da formação. Com particular cuidado empenhou-se em pedir Sacerdotes a outras dioceses e Institutos de Vida consagrada, e na vinda de algumas Comunidades Religiosas, pois que com dor algumas viu encerradas. Sempre alimentou a esperança.
A Virgem Santa Maria do Rosário que o acolheu entre nós, agora que nos deixa e fica como Bispo emérito (mas sempre com muito mérito) o continue a acompanhar e a proteger.
Obrigado, Dom Antonino. E deixe que a nossa sentida Gratidão também se exprima à moda da Beira: BEM HAJA, Dom Antonino.
Presbíteros
Diáconos
Consagrados e Consagradas
Todo o santo povo de Deus de Portalegre-Castelo Branco.
