Ucrânia/Proença: “Se for preciso eu vou para lá defender. Aquela terra é minha!”
Mufmaylo Kholoof, ou então simplesmente Miguel como é tratado, é um dos 13 ucranianos que atualmente reside no concelho de Proença-a-Nova.
Com o objetivo de vir trabalhar “para ganhar dinheiro” Miguel chegou a Portugal faz este mês de Março precisamente 22 anos. “Primeiro cheguei eu, sozinho, e depois veio o filho e a mulher”. Contudo neste momento o trabalhador, da empresa ProençaTorno, tem “toda a família na Ucrânia”, situação que o deixa muito preocupado devido à atual invasão que a Rússia está a fazer ao seu país.
“Falamos todos os dias pela Internet. Para já a minha zona é das mais tranquilas, moro a 15km da fronteira com a Polónia”.
afirma Miguel
Apesar de ainda não se encontrar na frente de combate, o filho de Miguel já se encontra “a ajudar os soldados ucranianos a fazer o controlo pelas ruas. Ainda não o chamaram mesmo para a guerra. O meu filho tem lá a mulher e os filhos e agora fica lá a guardar a nossa terra”. Contudo Miguel não nega um regresso para combater na guerra.
“Eu digo para eles virem para cá, e eles dizem que como aquela zona ainda está tranquila que ficam por lá mas quando ficar pior eu quero que eles venham e eu vou. Se for preciso eu vou para lá defender! Aquela terra é minha!”
reforça Miguel ao Jornal de Proença
Miguel não acredita num fim tão próximo tal como em nada acredita nas negociações que se verificam entre a Rússia e a Ucrânia. “O maior medo é a bomba atómica! Ele (Vladimir Putin) está maluco ao começar a guerra. Não acredito num final tão próximo. Enquanto não acabarem as armas os russos não param.”
Já sobre a prestação do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Miguel não tem dúvidas que “é um homem sério. Ele não vai sair da Ucrânia. E ninguém imaginava que era um homem tão sério, pois antes de ser presidente trabalhava na televisão como comediante. Todos se riam dele, mas está a mostrar que é um grande homem com muita coragem”.
Salientar que na última Assembleia Municipal de Proença-a-Nova, realizada no dia 25 de fevereiro, foi aprovado por unanimidade um Voto de condenação à invasão da Ucrânia pela Rússia.
O Jornal de Proença sabe ainda que a autarquia de Proença já entrou em contacto com todos os ucranianos a residir no concelho de forma a fornecer toda a ajuda necessária. Autarquia de Proença que também já fez saber, junto do governo central, que está disponível para receber refugiados ucranianos sendo que numa primeira fase dará prioridade aos familiares e amigos dos ucranianos já residentes no concelho.
Recordar que a Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil. Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU. A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
