Todos se maravilhavam

 Todos se maravilhavam

Padre Luís Manuel Bairrada

Quantas vezes não ficamos boquiabertos, encantados, seduzidos pelas palavras proferidas por alguém?

E, quantas vezes, não ficamos também ofendidos por outras palavras ou pelos silêncios que tiram a vida?!

Bem gostaria de saber o que Jesus disse naquele sábado na Sinagoga para que as pessoas ficassem admiradas.

Além disso, o jovem Mestre, vindo de Nazaré, trazia apenas o titulo académico de carpinteiro.

Contudo, as suas palavras despertavam o coração e embelezavam a vida.

Surpreendidos ficamos quando, mesmo sem o saber e após lermos o Evangelho, compreendemos que eram aquelas palavras que procurávamos, palavras que saciam o coração.

Deus nunca fala para o vazio, mas quer fazer desabrochar a bela história que há em nós.

Como aquele homem na Sinagoga dizemos: “que tens a ver comigo, homem da Galileia?

Que tens a ver com a minha vida, com a minha família, com o meu trabalho, com os meus momentos de festa ou de dor”?

Como o endemoninhado de Cafarnaum, podemos ir ao templo, participar na oração, professar a “nossa” fé, mas por dentro das nossas escolhas vivemos as contradições do que acreditamos. Dentro das nossas comunidades habita, tantas vezes, a lógica tenebrosa da divisão.

Ainda hoje, é demoníaca uma fé que coloca Deus longe do quotidiano.

É demoníaca uma fé que vê em Deus um concorrente à felicidade, obrigando a mortificações. É demoníaca uma fé que se fica nas palavras vazias.

É demoníaca a fé aborrecida e de fachada, formalista e fechada, que não toca a vida nem o mundo.

Conhecer Deus de pouco nos serve se não se faz vida.

De nada serve ser cristão ao Domingo, durante uma hora, para se ser incrédulo o resto da semana.

E podemos até seguidamente gritar: “Vieste para nos perder?” Mas Deus não vem para tirar a vida, mas para a intensificar.

Mesmo se o Evangelho é excessivo e pede tudo, é para dilatar e multiplicar a existência.

Naquele dia, Jesus falara não apenas de Deus, mas ousara falar como Deus.

As suas palavras tornam-se visíveis nos seus gestos de salvação, de cura, de libertação, que tocam o cerne da vida.

Ele fala como Deus porque O vive, porque fala com o mesmo coração de Deus.

O nosso desafio, então, não é dizer o evangelho, mas tornar-se e fazer-se Evangelho, ser Evangelho Vivo.

Para si... Sugerimos também...

Deixe o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscreva a nossa newsletter