Respostas de comunidades a infraestruturas de energias renováveis

 Respostas de comunidades a infraestruturas de energias renováveis

Neste artigo, as investigadoras Sophia Küpers e Susana Batel do Centro de Investigação e Intervenção Social(CIS-Iscte) exploraram as respostas de comunidades a infraestruturas de energias renováveis e como são influenciadas pelo contexto local, pela história e pela experiência do tempo.

O contexto local e histórico em que as tecnologias de energias renováveis (RET, do inglês Renewable Energy Technologies), como as turbinas eólicas ou os painéis fotovoltaicos, são implementadas podem ter um impacto significativo na sua aceitação.

De acordo com Sophia Küpers, a primeira autora deste artigo e estudante no Doutoramento em Psicologia no Iscte, “as relações entre as pessoas e o lugar em que vivem e a sua disrupção foram identificadas como um fator importante que molda as suas relações com os projetos de RET, sendo também moldadas por experiências passadas. A forma com as pessoas percebem o tempo também é crucial para as respostas das pessoas a projetos ET.”

Susana Batel, orientadora de Sophia Küpers, acrescenta: “Utilizar uma abordagem social e histórica ao significado atribuído a projetos RET irá promover uma consciência crítica sobre a forma como as respostas das pessoas a projetos RET se enquadram num panorama mais amplo.”, isto é, em como as RET são implementadas, com que custos socioambientais, e que interesses servem.

De facto, este trabalho propõe um modelo que considera fatores sociais e históricos na investigação da aceitação social das RET, que pode informar futuras investigações que explorem as relações das pessoas com essas infraestruturas. Mas como é que a experiência do tempo pode afetar a relação das pessoas com as RET?

Sophia Küpers explica que “as dinâmicas temporais imediatas que rodeiam a implementação das RET, tais como as fases de planificação de um projeto RET, o tempo que leva a construir as infraestruturas e os impactos imediatamente observáveis no ambiente local, afetarão a forma como os residentes reagem a ele”. Isto está relacionado com o conceito de “tempo físico”.

As investigadoras vão mais longe e consideram também o “tempo histórico”, um conceito que compreende o contexto histórico mais amplo e as influências nas respostas das comunidades às RET, desde eventos (que podem até não se relacionar com infraestruturas energéticas) e experiências passados, como injustiças e impactos psicossociais associados; a narrativas dos media: “Tais experiências podem ser passadas através do tempo e transformadas em história através de memórias coletivas e individuais, contribuindo para moldar as respostas aos atuais projetos de RET”, esclarece Sophia Küpers.

As investigadoras argumentam que uma compreensão diferenciada da temporalidade pode ajudar a abordar os complexos fatores sociais, culturais e históricos que moldam as respostas das comunidades às RET. Para além disso, sugerem que a investigação futura acerca da relação das pessoas com as RET se centre no desenvolvimento de abordagens participativas e específicas ao contexto. O objetivo final seria informar decisores políticos, os responsáveis pelo planeamento e as práticas dos promotores em matéria de energias renováveis. “O desenvolvimento de políticas e práticas de planeamento eficazes deve ter em conta as diversas experiências e preocupações das comunidades no âmbito das transições energéticas”, concluem.

*Pedro Simão Mendes, Comunicação de Ciência (CIS-Iscte)

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