Procissão do Encontro em Proença

Diz a tradição que sai, às 14h00, o Senhor dos Passos da Igreja da Misericórdia seguido por Sua Mãe Maria e o discípulo amado, João para a Procissão do Encontro.

Na devesa, durante o sermão Jesus encontra-se com sua Mãe e com João. Chagado e com a cruz à costa, Jesus caminha em silêncio para o calvário no meio da multidão sequiosa de sangue e morte.

O poema “a caminho do calvário” da ópera “O Nazareno” exprime o silêncio de Maria.

Vai Cristo para a cruz e tem no rosto
Pintado a sangue, o ósculo de Judas
Em toda a terra é hora de sol posto
O céu é mar fechado em trevas mudas

Vejo a turba judaica alucinada
Vejo Cristo passar no meio d’alas
E tu Senhora, vais tão calada
Senhora Nossa, porque não falas?

Sei que Jesus padece mil tormentos
Anunciados pela profecias
Correm blasfémias no furor dos ventos
E lágrimas nos olhos das judias

Sei que dentro de Cristo, a dor caminha
E caminham labaredas infinitas
E tu Senhora, vais tão sozinha
Senhora Nossa, porque não gritas?

O silêncio da Mãe, do Filho e do amigo são expressão do AMOR maior. Jesus sabe que está a operar uma obra para o bem comum da humanidade: a SALVAÇÃO!

O silêncio de Maria é o silêncio de tantos pais, mães e amigos que perante os dramas da vida só uma coisa a fazer: estar presente. E a simples presença, mesmo silenciosa, já é um ato de amor e a única palavra a ser dita.

Na Cruz, Jesus institui, num ato humano pela sua Mãe desamparada, uma nova ordem. Há uma nova família: «Mulher, eis o teu filho! João, eis a tua Mãe!» Jesus, em João, deixou-nos em testamento uma Mãe e a Misericórdia que brota do Seu Sangue derramado na Cruz.

Adoração da Cruz na Igreja Matriz

A procissão termina na Igreja Matriz onde acontece Adoração da Cruz.

Esta celebração, que não é uma missa, tem três momentos: escuta do relato da Paixão, Adoração da Cruz e Comunhão.

Imitando o silêncio de Jesus, a celebração começa em silêncio. Os ministros ordenados (padres e diáconos) prostram-se em sinal de humildade, adoração e manifestando a sua pequenez, gratidão e dor espiritual pela morte de Jesus.

A celebração termina em silêncio tal como começou.

Jesus morreu! A morte traz silêncio, ausência e dor. O rito convida à meditação!