Os ambiciosos persistem em torres de Babel

 Os ambiciosos persistem em torres de Babel
Dom Antonino Dias

Babel é o símbolo da presunção e da arrogância humana. Confiando nas suas próprias forças e julgando dominar todas as técnicas do êxito, os homens queriam desafiar o divino com a construção de uma torre que tocasse o céu. A confusão foi total! Cada um não conseguia entender o outro, gerou-se o caos, a linguagem entre eles tornou-se indecifrável, e do que mais por lá teria acontecido não sei se alguém sabe, eu não sei… Infelizmente, ainda hoje é assim, a torpe ambição gera guerra e sofrimento, divide, escraviza, desumaniza, não deixa que as pessoas se entendam, torna o homem lobo do homem, como diria o filósofo inglês Thomas Hobbes

A solenidade do Pentecostes, porém, chama-nos a atenção para uma linguagem que todos entendem mesmo que se fale em muitas línguas, é uma linguagem que unifica, liberta, constrói e destina-se a todos os povos e nações: é a linguagem do amor que Cristo nos veio trazer e testemunhar e nos enviou o Espírito Santo para que tal linguagem pontificasse no mundo. Recordemos:

Quando chegou o dia de Pentecostes, todos eles estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então uma espécie de línguas de fogo, que se espalharam e foram poisar sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.

Acontece que em Jerusalém moravam judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, todos se reuniram e ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos a falar na sua própria língua. Espantados e surpreendidos, diziam: “Esses homens que estão a falar não são todos galileus? Como é que cada um de nós os ouve na nossa língua materna? Entre nós há Partos, Medos e Elamitas; gente da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da região da Líbia vizinha de Cirene; alguns de nós viemos de Roma, outros são judeus ou pagãos convertidos; também há Cretenses e Árabes. E cada um de nós na sua própria língua os ouve anunciar as maravilhas de Deus!”. Todos estavam admirados e perplexos, e cada um perguntava ao outro: “O que quer dizer isto?”. Outros escarneciam e diziam: “Eles estão embriagados com vinho doce”.

Então Pedro, que estava ali com os outros onze Apóstolos, levantou-se e disse em voz alta: “Homens da Judeia e todos os que vos encontrais em Jerusalém! Compreendei o que está a acontecer e prestai atenção às minhas palavras: estes homens não estão embriagados como pensais, pois são apenas nove horas da manhã. Pelo contrário, está a acontecer aquilo que o profeta Joel anunciou: “Nos últimos dias, diz o Senhor, Eu derramarei o Meu Espírito sobre todas as pessoas. Os vossos filhos e filhas vão profetizar, os jovens terão visões e os anciãos terão sonhos. E, naqueles dias, derramarei o Meu Espírito também sobre os Meus servos e servas, e eles profetizarão. Farei prodígios no alto do céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e nuvens de fumo. O Sol transformar-se-á em trevas e a Lua em sangue, antes que chegue o dia do Senhor, dia grande e glorioso. E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”

Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazaré foi um homem que Deus confirmou entre vós, realizando por meio d’Ele os milagres, prodígios e sinais que bem conheceis. E Deus, com a sua vontade e presciência, permitiu que Jesus fosse entregue, e vós, através de ímpios, mataste-lo, pregando-O numa cruz. Deus, porém, ressuscitou Jesus, libertando-O das cadeias da morte, porque não era possível que ela O dominasse. De facto, David assim falou a respeito de Jesus: ‘Eu via sempre o Senhor diante de mim, porque Ele está à minha direita, para que eu não vacile. Por isso, o meu coração se alegra, a minha língua exulta e a minha carne repousa com esperança. Porque não me abandonarás na região dos mortos, nem permitirás que o Teu santo conheça a corrupção. Tu me ensinaste os caminhos da vida e me encherás de alegria na Tua presença’.

Irmãos, quanto ao patriarca David, permiti que vos diga com franqueza: ele morreu, foi sepultado e o seu túmulo está entre nós até hoje. Mas era profeta e sabia que Deus lhe havia jurado solenemente fazer com que um seu descendente lhe sucedesse no trono. Por isso, previu a ressurreição de Cristo e disse: “Ele não foi abandonado na região dos mortos e a sua carne não conheceu a corrupção”.

Deus ressuscitou este Jesus. E nós somos testemunhas disso. Ele foi exaltado à direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito prometido e comunicou-o: é o que vedes e ouvis. De facto, David não subiu ao céu, mas disse: “O Senhor disse ao meu Senhor: senta-te à minha direita, até que faça de teus inimigos um lugar para apoiares os teus pés”.

Que todo o Israel fique sabendo com certeza que Deus tornou Senhor e Cristo aquele Jesus que vós crucificastes”.

Quando ouviram isto, todos ficaram de coração aflito e perguntaram a Pedro e aos outros discípulos: “Irmãos, que devemos fazer?” Pedro respondeu: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do Pai o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é em favor de vós e de vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar”. Com muitas outras palavras, Pedro lhes dava testemunho e exortava, dizendo: “Livrai-vos da gente corrompida”. Os que acolheram a palavra de pedro receberam o batismo. E nesse dia uniram-se a eles cerca de três mil pessoas. Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Em todos eles havia temor por causa dos numerosos prodígios e sinais que os Apóstolos realizavam. Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam as suas propriedades e os seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E todos os dias o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação (At 2).

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