Opinião: Festa(s)
A Diocese de Portalegre-Castelo Branco vive, neste maio mariano e vocacional, uma corrente de oração imensa ao redor de Maria e pelas vocações.
Depois da Páscoa, os domingos da Ascensão de Jesus ao Céu, do Pentecoste, do Corpo e Sangue de Jesus e da Santíssima Trindade densificam a vida litúrgica que vamos celebrar como comunidade cristã.
Depois de um primeiro momento da Revelação de Deus do qual recebemos o Evangelho, Jesus Cristo, somos desafiados a participar na Evangelização: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16,15).
Jesus, depois de cumprir a sua missão e voltar para Deus (Ascensão), deixou-nos o Espírito Santo (Pentecostes) para continuarmos essa missão de fazer presente o Reino de Deus no Mundo.
O verdadeiro alimento, além da Palavra do Evangelho, é a Comunhão (Corpo de Deus). O movimento de evangelização tem com finalidade levar a pessoa à comunhão com Deus (Santíssima Trindade) que é a redenção, salvação, ressurreição.
Viver este desafio à missão (mês das vocações e da minha vocação) com a mulher que soube aceitar a sua vocação de forma exemplar (Maria) é o convite de Jesus não só neste mês de maio, mas de uma vida.
Podemos ter já descoberto a nossa vocação, porém a concretização da mesma faz-se em cada momento e tempo da vida pessoal de cada um.
Estas são as festas que a comunidade cristã não deve perder o foco.
Se no passado às festas populares em honra do santo padroeiro eram quase as únicas formas de convívio das populações, hoje já não o são. Surgiram novos promotores de festas: Municípios, Associações… Congregam milhares de pessoas à volta de motivos que já não são exclusivos da fé… Os santos deram lugar ao maranho, à tigela, à cereja, às flores… atraídas por personalidades mediáticas da cultura.
Promove-se, no nosso caso, o Interior tendencialmente isolado e esquecido face às grandes questões nacionais. Queremos também mostrar o valor que somos e temos por cá: gastronomia, música, artesanato, paisagens com grande diversidade de fauna e flora, pintura, a escrita…
E tudo isto é uma nova forma de organização social e de promover a qualidade de vida e a dignidade com que se vive no nosso Interior. E Bem!
Às vezes, experimento na ressaca da festa, no voltar ao trabalho quando a música já se calou e a adrenalina já passou um certo vazio e cansaço. Poderei esperar pela próxima festa ou promover imediatamente um novo evento para calar o que sinto. Contudo, só as razões primeiras me satisfazem no silêncio de mim.
A fraternidade, o bem comum, o convívio, a partilha, o estarmos juntos num planeta tão dividido e cruel já pode ser uma boa motivação.
Saber que sou convidado a viver em comunhão (com Deus e com Deus que está no meu próximo), que sou chamado a partilhar os valores humanos com outras pessoas nos nossos areópagos não esquecendo os valores eternos que são promessa de vida eterna de Jesus, isso é uma forma de Evangelização.
O saudosismo do passado não é caminho de Evangelização. Fermentar os ambientes atuais com os valores eternos é o caminho.
Jesus foi o primeiro a participar nas festas do seu tempo nunca perdendo a sua identidade e afirmando o essencial.
Inspiremo-nos n’Ele e vivamos este tempo de festas na identidade de batizados e Filhos de Deus.