Opinião: As alterações climáticas e os novos alquimistas
O inverno vai a meio, molemente, melancólico como os dias pequenos, chuvosos e frios, ou lobeiros como tanta vez se diz nas zonas serranas. Porem, parece firme e determinado a contrariar todas as previsões mais ou menos astrológicas a que fomos assistindo no verão passado sobre seca prolongada e alterações climáticas.
As alterações climáticas, cada vez mais mediatizadas, têm sido palco de declarações um pouco por todo o mundo, algumas, tão absurdas como relacionar a extinção dos dinossauros com a acção humana. Por cá, temos assistido nos últimos tempos a sucessivas vagas de ocupação de escolas publicas com a quase total complacência das autoridades, escolas essas sempre ligadas a manifestações com bandeiras mais ou menos vermelhas como cor de fundo.
Numa dessas ocupações, o próprio director da escola em causa, entendia que por se ocuparem escolas e impedir outros alunos de frequentar as aulas “não vem daí muito mal ao mundo”.
Ora talvez este director escolar fosse muito mais útil á saúde do planeta se explicasse aos seus alunos que as manifestações são legitimas desde que não violem os direitos de quem quer legitimamente estudar. Os “falsos paladinos”, de tão exacerbado orgulho no seu “trabalho” nem se dão conta que os incontáveis brincos que carregam nas orelhas, os impedem de ouvir os gritos de dor que brotam das entranhas da Terra sempre que mais minério é extraído para produzir esses mesmos brincos. Os “falsos paladinos”, tão absorvidos em tentar fazer “carreira” na defesa do ambiente, nem se dão conta que as tintas garridas com que pintam o cabelo, impede o seu próprio cérebro de compreender os enormes custos ambientais inerentes à sua produção e comercialização. Os “falsos paladinos”, de tão convencidos que estão da sua justiça, nem se dão conta que por esse mundo fora há ainda milhares de crianças sem qualquer direito a trabalhar sem qualquer justiça, para satisfazer os seus caprichos perfeitamente dispensáveis e altamente prejudiciais ao meio ambiente.
As alterações climáticas acompanham o planeta desde sempre, e dessas alterações, muito se moldou daquilo que a humanidade é hoje e delas se fez também oportunidade. A “Pequena Idade do Gelo”, tema que ainda divide climatologistas sobre o período da sua existência, é disso um bom exemplo. Foi um período ocorrido na era Moderna em que a temperatura na Europa caiu para valores mais baixos que o normal. Foi provavelmente a principal causa para inviabilizar a produção de vinho no Reino Unido, dando um passo importante para a criação do nosso Douro Vinhateiro, para satisfação das gentes de posse económica e forçando as populações mais pobres a contentar-se com a cerveja produzida a partir de cereais.
Também as cheias caóticas de Lisboa são disso exemplo, e se a ditadura Salazarista se serviu da censura para que os seus efeitos não fossem conhecidos na sua plenitude, a democracia serviu-se das alterações climáticas para abafar a sua incapacidade em resolver problemas estruturais.
Sim, o planeta precisa de cuidados. Temos a obrigação e responsabilidade em deixar um planeta saudável e sustentável ás gerações vindouras. Mas acreditar que a sustentabilidade ambiental se obtem pela acção das manifestações e declarações a que tanta vez temos assistido, é acreditar que um doente se cura só com placebos. Sim, o planeta precisa de cuidados, especialmente de seguir os conselhos de cientistas que falam pouco em vez de perdermos tempo a escutar quem nos quer “impingir” a “banha da cobra” num ruidoso mercado de gado.
1 Comentário
Alterações climáticas …
Excelente, haja bom senso…