Opinião: Agricultura do amor

 Opinião: Agricultura do amor

Dos trabalhos no campo, é na vinha que o lavrador investe mais amor e poesia, paciência e inteligência, paixão e preocupação.

Por esta altura da primavera, o dono da vinha redobra os seus cuidados na esperança de haver uma boa produção.

Jesus também diz que somos vinha do Senhor: Ele é a videira e nós somos os ramos prontos para dar o vinho da sua alegria!

Todos existimos pelo mesmo amor que irriga a todos.

Maravilhosa vida interior que nos coloca entre Deus e os outros, nesta relação e circulação íntima. Também maravilhosa e admirável é a paciência divina neste encadeamento de esperança e de frutos.

Misteriosamente, desde as raízes do mundo, através do tronco dos séculos, Deus chega a todos os ramos, como potencia e energia, como milagre que faz desabrochar o amor, qual néctar delicioso e perfumado que inebria a existência.

E se nos desligarmos da videira sabemos que morreremos, por deixarmos de receber e de dar amor. Ser ramo é ser elo e mistério de comunhão.

Porque desafia o tempo, as incertezas e as agruras da vida, o amor não é uma experiencia de um momento ou algo intermitente, descontinuo, esporádico, mas é relação paciente que se faz história.

O que permanece à superfície seca e morre, porque não saboreia a embriaguez do canto ou a intensidade do silencio. Mesmo se a vida é feita de coisas externas e supérfluas, a felicidade reside na vitalidade interna, na fecundidade, ali onde nascem e correm os sorrisos e as lágrimas, a dor e o amor.

“Permanecei em Mim, diz o Senhor, e Eu permanecerei em vós” (Evangelho S. João).

Assim, permanecer é ter tempo, saborear, demorar, habitar, aprofundar raízes. Permanecer em é ser enxertado bem no meio, tal como profunda, intima e vital é a comunhão do ramo na videira.

E Deus permanece em nós, não como uma voz que vem de fora, mas como fonte de vida. Deus vive dentro do coração humano: é o seu sangue, a sua alma.

Permanecer em Cristo, no seu amor, na sua palavra é basilar para permanecer com os irmãos numa vida comum.

Nesta agricultura do amor não interessam a Deus os números dos defeitos ou dos pecados, mas sim os cestos cheios de fruta, os cabazes de alegria e de brilho, os açafates de pão partilhado e de lágrimas enxugadas, os cestos de palavras e de gestos que alimentam de doce sabor a vida!

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