O Templo a reconstruir com Jesus
Neste tempo da quaresma também somos confrontados com um Jesus estranhamente intolerante para com um certo “centro comercial” muito bem montado e aparentemente ao serviço do bem comum.
Mas, poderá Ele abalar o alicerce dos monumentos de justificações que dentro de nós se continuam a alicerçar no pecado?
Naquele dia, entrou no Templo em Jerusalém e, ao ver todo aquele aparato comercial, fez um chicote…
Como se coaduna o Jesus do chicote com o olhar brando e misericordioso que absolve os pecados, que resgata a vida de uma mulher adúltera?
Como combinar este Jesus que expulsa, com Aquele que acolhe e come com os pecadores?
O que é, afinal, a tolerância e a mansidão? E que justiça é esta?
Não estavam aqueles homens no seu negócio “honrado” a facilitar a vida aos peregrinos que buscavam vítimas para os holocaustos?
Jesus vai à raiz do mal, sobre o qual é impossível construir.
Quantas vezes o mal está lá no fundo das nossas construções onde sobrepomos arbitrariamente barro com areia, em desatenção desleixada.
É preciso chicotear a nossa vida e desmascarar esta amálgama de infidelidades, às vezes inconscientes e irrefletidas, outras maldosamente camufladas.
Há sim um caminho rasgado na tolerância para aqueles que se dignam peregrinar, mas a tolerância faz-se de firmeza para aqueles cuja imobilidade ganha raízes no pecado.
Jesus não destrói nada.
Ele desperta-nos para a evidencia da destruição que talvez continuemos a ignorar e convida-nos à ousadia de uma construção sólida e perdurável.
Ele mostra-nos que a destruição da nossa vida é provocada por um alheamento face à Presença e à Palavra de Deus.
Neste tempo da quaresma, Senhor vem visitar o meu “centro comercial”.
Tenho o coração cheio de coisas para trocar e vender, e sem espaço para o mais importante, para Ti.
Derruba, com o “chicote” da tua Palavra, as minhas falsas seguranças, os tesouros vazios e terei a coragem de reconhecer a sede imensa que tenho de Ti.
Levanta-me, Senhor! Reconstrói este tabernáculo que quer ser só teu.