O Templo a reconstruir com Jesus

 O Templo a reconstruir com Jesus

Padre Luís Manuel Bairrada

Neste tempo da quaresma também somos confrontados com um Jesus estranhamente intolerante para com um certo “centro comercial” muito bem montado e aparentemente ao serviço do bem comum.

Mas, poderá Ele abalar o alicerce dos monumentos de justificações que dentro de nós se continuam a alicerçar no pecado?

Naquele dia, entrou no Templo em Jerusalém e, ao ver todo aquele aparato comercial, fez um chicote…

Como se coaduna o Jesus do chicote com o olhar brando e misericordioso que absolve os pecados, que resgata a vida de uma mulher adúltera?

Como combinar este Jesus que expulsa, com Aquele que acolhe e come com os pecadores?

O que é, afinal, a tolerância e a mansidão? E que justiça é esta?

Não estavam aqueles homens no seu negócio “honrado” a facilitar a vida aos peregrinos que buscavam vítimas para os holocaustos?

Jesus vai à raiz do mal, sobre o qual é impossível construir.

Quantas vezes o mal está lá no fundo das nossas construções onde sobrepomos arbitrariamente barro com areia, em desatenção desleixada.

É preciso chicotear a nossa vida e desmascarar esta amálgama de infidelidades, às vezes inconscientes e irrefletidas, outras maldosamente camufladas.

Há sim um caminho rasgado na tolerância para aqueles que se dignam peregrinar, mas a tolerância faz-se de firmeza para aqueles cuja imobilidade ganha raízes no pecado.

Jesus não destrói nada.

Ele desperta-nos para a evidencia da destruição que talvez continuemos a ignorar e convida-nos à ousadia de uma construção sólida e perdurável.

Ele mostra-nos que a destruição da nossa vida é provocada por um alheamento face à Presença e à Palavra de Deus.

Neste tempo da quaresma, Senhor vem visitar o meu “centro comercial”.

Tenho o coração cheio de coisas para trocar e vender, e sem espaço para o mais importante, para Ti.

Derruba, com o “chicote” da tua Palavra, as minhas falsas seguranças, os tesouros vazios e terei a coragem de reconhecer a sede imensa que tenho de Ti.

Levanta-me, Senhor! Reconstrói este tabernáculo que quer ser só teu.

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