O que a escola não nos ensinou

 O que a escola não nos ensinou

Crónica V: A Arte, a Arquitectura e a Igreja

A herança artística do Ocidente identifica-se de forma tão íntima e singular com a Igreja Católica, que se torna difícil ignorá-lo ou tentar ocultar.

Ultrapassada a “querela das imagens”, durante a qual uns condenavam os ícones com a imagem de Deus e dos Santos, talvez influenciados pelos bizantinos e por algumas ideias islâmicas, questão muito polémica, que levou São João Damasceno, entre os anos 720 e 740, a escrever a sua Apologia, contra os que atacavam as imagens divinas, alegando que “não se venera a matéria, mas sim o que ela representa”.

A maior contribuição artística católica, foi sem dúvida a Catedral que modificou toda a paisagem europeia.

As fascinantes catedrais góticas que sucederam ao estilo românico, eram monumentos duma grandeza impressionante e coerência geométrica, que aliadas a um conjunto de perfomances testemunhavam e reflectiam a magnanimidade da fé sobrenatural da civilização europeia.

O desejo de atingir ao mesmo tempo a precisão geométrica e um simbolismo numérico, que contribui significativamente para o prazer que o visitante colhe desses enormes edifícios, não foi, portanto, mera coincidência.

Procedia de ideias que já se encontravam nos padres da Igreja. Santo Agostinho, cujo De Musica viria a tornar-se o tratado de estética mais influente da Idade Média, considerava a arquitectura e a música como as artes mais nobres, uma vez que as suas proporções matemáticas seriam as do próprio universo e, por essa razão, elevariam as nossas mentes à contemplação da ordem divina. (…)

Deus iluminava a mente com o conhecimento.

Giotto di Bondone, (1266-1337), pintor italiano muito inovador, é considerado o melhor representante da pintura da Idade Média, ultrapassando o formalismo da época, deu aos seus quadros um cunho mais realista fazendo assim a transição para a pintura renascentista.

O Renascimento, período que se seguiu à Idade Média, foi um tempo de retrocesso e de irracionalismo.

Foi nessa época que a alquimia atingiu o seu auge, e a astrologia ganhou ainda maior influência.

As perseguições às bruxas, erroneamente associadas à Idade Média, só se espalharam a partir do final do século XV e durante o XVII.

Do que não há dúvida é que durante o Renascimento imperou o espírito secularista. (…)

Com o advento do Renascimento assistimos à exaltação do homem natural, da sua dignidade e das suas capacidades, divorciadas dos efeitos regeneradores da graça sobrenatural”.

 As virtudes contemplativas da Idade Média cederam lugar às virtudes activas seculares de utilidade e prática, conceitos que viriam a dominar durante o Iluminismo. Menosprezada a vida dos monges, em seu lugar, foram glorificadas a vida activa mundana, a do homem comum da cidade.

O secularismo estendeu-se também à filosofia política: em O Príncipe (1513), Maquiavel concebeu a política em moldes puramente seculares, e descreveu o estado como uma instituição moralmente autónoma, isenta de padrões do certo e do errado pelos quais se costuma medir o comportamento dos indivíduos.

Este secularismo começou a invadir o mundo da arte.

Prosperaram os retratos, os auto retratos e as paisagens, embora muitos pintores continuassem a escolher temas religiosos”.(…)

Os papas, em particular Júlio II e Leão X, foram mecenas de muitos artistas, nomeadamente Bramante, Michelangelo e Rafael.

As obras deste pintor foram de excelência para a Cidade Eterna, e Michelangelo viria a imortalizar-se com a sua Pietá.

A Herança artística do ocidente identifica-se tão estreitamente com o imaginário católico que ninguém pode pretender negar a influência da Igreja. (continua)

*Texto inspirado no livro: COMO A IGREJA CATÓLICA CONSTRUIU A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL de THOMAS E. WOODS JR

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