O que a escola não nos ensinou

 O que a escola não nos ensinou

Crónica III: Universidades na Idade Média

A criação de Universidades na Europa Cristã, por volta dos séculos XII e XIII, foi um fenómeno novo na história, nada de semelhante tinha acontecido em Atenas ou em Roma, nos períodos áureos das suas civilizações.

À Igreja desta época devemos este grandioso contributo de preservação de conhecimentos já adquiridos e duma busca e cultivo de novos saberes.

As universidades na Idade Média desenvolveram uma estrutura muito complexa e bem organizada, que possibilitou o desenvolvimento intelectual e científico, de cujo legado ainda hoje desfrutamos.

O que as caracterizou foi a forma de organização, bem como a liberdade para o estudo de temas diversos, “universais”, como o próprio nome sugere.

Como criações eclesiásticas, as universidades nasceram pela iniciativa da Igreja Católica e originaram-se como extensões dos colégios episcopais, nos quais os jovens estudantes aprendiam o domínio das sete artes liberais, o Trivium (lógicagramáticaretórica) e o Quadrivium (aritméticamúsicageometriaastronomia), que eram a base da educação da Idade Média

Data do século XIII o triunfo do pensamento escolástico medieval, que permeava os estudos mais avançados das universidades em todas as suas áreas de investigação, direito canónico, medicina, teologia, astronomia, lógica e retórica.    

A organização das universidades era orientada pelo corpo eclesiástico.

Os seus fundamentos intelectuais, obras fundamentais e os eixos programáticos de estudos, bem como os professores, integravam a própria estrutura da Igreja, embora não se ensinasse apenas teologia, pois os seus programas continham todas as grandes disciplinas científicas e filosóficas, desde a gramática à dialética, passando pela música e pela geometria.

O método de estudo e discussão escolástico, a disputatio, era o principal método empregado nos debates de estudos avançados nas universidades medievais.

Suma Teológica, escrita por São Tomás de Aquino era a base do estudo, pela organização de prelecções, análise dos textos com recurso ao pensamento lógico aristotélico, sobre os quais argumentavam a favor ou contrapunham o seu conteúdo, com o fim de compreenderem, detectarem falácias lógicas e encontrarem argumentos logicamente sólidos.

As primeiras universidades comumente citadas são as de Paris (França), Bolonha (Itália), Oxford e Cambridge (Inglaterra).

A universidade de Paris destacou-se no século XIII pelos estudos avançados em teologia e artes, enquanto Bolonha, na mesma época, desenvolveu altos estudos em direito.

Entre 1200 e 1400 foram fundadas, na Europa, 52 universidades, e 29 delas foram erguidas pelo papado.

A Igreja Católica foi efectivamente a conservadora e transmissora do alto conhecimento durante todo este período.

O rigor filosófico que caracterizou a vida intelectual das primeiras universidades, foi uma joia que a civilização cristã legou à Europa e a toda a humanidade.

A criação da Universidade, o comportamento com a razão e com a argumentação racional e o abrangente espírito de pesquisa que caracterizou a vida intelectual medieval representaram “um dom” da Idade Média latina ao mundo moderno. Um dom da civilização cujo centro foi a Igreja Católica.

Definir este período como dez séculos de ignorância, de superstição, repressão intelectual e escuridão é de todo uma mentira que foi repetida vezes sem conta, mas nem por isso é digna de crédito.

Opressão, obscurantismo e idade das trevas não corresponde de todo à verdade, mas é uma mera visão de quem com ou sem intenção, procura denegrir o valor da criação duma instituição única na História. (continua)

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