O maior espelho de telescópio do mundo
A fase final do processo de fabrico dos segmentos do M1, o polimento, foi levado a cabo pelo fabricante líder mundial de sistemas ópticos Safran Reosc, perto de Poitiers, no centro de França, num edifício completamente remodelado para esta tarefa delicada.
Como parte do processo, a Safran Reosc desenvolveu novos fluxos de trabalho de automatização e técnicas de medição para garantir que o polimento cumpria os elevados padrões exigidos pelo ELT.
As irregularidades existentes na superfície do espelho são inferiores a 10 nanómetros (menos de um milésimo da espessura de um cabelo humano).
Para atingir este nível de desempenho, a Safran Reosc utilizou uma técnica chamada figuração por feixe de iões, na qual um feixe de iões varre a superfície do espelho e remove as irregularidades átomo por átomo.
Embora apenas 18 segmentos tenham sido enviados até agora pela Safran Reosc ao ESO, muitos mais se seguirão em breve.
No dia 1 de Novembro de 2023, o 100º segmento saiu da linha de produção e entrou na extensa fase de inspeção que tem lugar antes da entrega final.
Além disso, a Safran Reosc alcançou uma taxa de produção superior a quatro segmentos por semana, com o objetivo de cinco por semana previsto para breve, um feito notável para a produção em série de ópticas de precisão extremamente elevada.
A construção do ELT do ESO exigiu o envolvimento estreito de várias empresas na Europa e no Chile com as equipas do ESO, o que mostra que o telescópio é um verdadeiro empreendimento internacional.
Os segmentos de espelho foram fundidos pela empresa alemã SCHOTT nas suas instalações em Mainz, Alemanha, antes de serem entregues à Safran Reosc, em França, para serem polidos.
Outras empresas envolvidas no fabrico dos segmentos incluem: a empresa holandesa VDL ETG Projects BV, que produziu os suportes delicados dos segmentos; o consórcio germano-francês FAMES, que desenvolveu e fabricou os 4500 sensores de precisão nanométrica que monitorizam a posição relativa de cada segmento; e a empresa alemã Physik Instrumente, que concebeu e fabricou os 2500 atuadores capazes de posicionar os segmentos com precisão nanométrica.
A delicada tarefa de transporte dos segmentos foi confiada à empresa dinamarquesa DSV.
Tendo partido de França a semana passada, os 18 segmentos polidos do espelho estão agora na sua viagem de mais de 10 000 km até ao local de construção do ELT, no deserto chileno do Atacama.
É a partir deste local que o ELT, quando começar a operar no final desta década, investigará os maiores desafios astronómicos da nossa época e fará descobertas que não podemos ainda imaginar.