Minoria à vista: qual será a solução em cima do joelho?
Os confrontos das legislativas lembram, em forma de imitação barata, o épico debate Soares-Cunhal. As diferenças e parecenças ideológicas, no centro dos debates, são postas a olho nu. Desta vez poderia ser qualquer coisa do género: – a prisão perpétua seria uma boa medida a aplicar em Portugal, não acha dr.?. Do outro lado, a resposta: – olhe que não, olhe que não, mas existem três “possibilidades”…
O que o eleitorado pode constatar, é que, desta vez, há quem queira agradar e se arrependa depois.
Já levam duas semanas os debates para as legislativas. O cenário de governação criado no contexto das eleições de 2015, a “geringonça”, trouxe ao país uma lufada de ar fresco na democracia. Abriram-se horizontes ao se quebrar com o tradicional bloco central PS-PSD. A maioria de esquerda provou que é possível haver alianças políticas alternativas. Os escassos 25 minutos de debate espelham isso mesmo. Nunca se discutiu tanto soluções governativas.
Está lançado o caos e a especulação, sobre quais serão os partidos que em conjunto pegarão nas rédeas da governação. O que demonstra que o cenário de maioria absoluta não está garantido, nem para o PS, segundo demonstram as últimas sondagens da Universidade Católica e muito menos para o PSD, que perde pontos nas intenções de voto.
Contudo, como indica a sondagem, se faltarem três deputados a António Costa para ter maioria com quem se irá consertar? Essa era a grande questão que os jornalistas insistiam que o primeiro-ministro esclarecesse. A resposta, ainda que pouco confiante, só foi obtida no esperado debate com o líder da oposição. Num simbólico gesto, Costa levantou aos céus a sua sagrada escritura orçamental, chumbada no parlamento, em modo de apelo aos fiéis que ainda lhe restam.
A maioria absoluta é o seu plano. Mas como as sondagens valem o que valem, que o diga o Dr. Rui Rio, fica para plano B um acordo com o PAN ou a “negociação diploma a diploma”. António Costa já riscou da sua lista de potênciais aliados, umas duas ou três vezes, o Bloco de Esquerda e o PCP. O Chega e a IL também não parecem ser opção.
Ganhando o PSD, se o PS não viabilizar o seu governo, também fica tudo em aberto. Rio ora namora com o anacrónico Chega, ora com a “progressista” Iniciativa Liberal, ora com o moribundo CDS. Desta vez qual será a solução em cima do joelho? Tudo dependerá do partido que será a terceira força política.
Havendo essa margem para dúvida, os partidos, – quando se conseguem comportar, – atiram para cima da mesa de debate as suas diferenças e semelhanças ideológicas e claro muitas fotocópias. Agora, melhor do que nunca, os eleitores têm a oportunidade para perceber quem melhor defende os seus interesses: a esquerda ou a direita.
Qual será o futuro dos nossos serviços públicos e da nossa democracia? É a questão sobre a qual devemos dormir até 30 de Janeiro.