Inverdades ou distorção da Verdade?

 Inverdades ou distorção da Verdade?

Nos nossos tempos, vamos constactando que algumas ideologias procuram “apagar” ou distorcer a História, intencionalmente ou não, mas um facto é que o passado não lhes é muito familiar e fomentam interpretações erradas, que nada abonam em seu favor.

Muito frequentemente se atribui a Oliveira Salazar, o “chavão” «Deus, Pátria e Família». Porém, o seu autor é Afonso Augusto Moreira Pena, advogado, político brasileiro que exerceu vários cargos, o último dos quais  Presidente da República, de 1906 até à sua morte, em 1909.

Afonso Pena, filho de um imigrante português, defendia que a vida se exprimia em quatro palavras: «Deus, Pátria, Liberdade, Família».

«Defendamos a Família, relicário de amor sustentado pelas mãos trémulas dos nossos pais. Defendamos a Pátria, que consubstancia as nossas glórias de outrora, a Pátria que é bela, porque é a mãe de todos nós. Defendamos Deus da ignorância e do atrevimento, porque Deus é a suprema aspiração da alma humana, o grande mistério que ilumina as regiões do Além. Defendamos a Família, defendamos a Pátria, defendamos Deus pela Liberdade!».

O Prof. Oliveira Salazar como homem culto que era, tinha conhecimento desta frase e nela se inspirou para definir as grandes linhas de seu pensamento, quando assumiu a carreira política.

Em Portugal, o regime salazarista baseou-se fortemente no corporativismo, uma forma de organização político-económica das sociedades, que se distanciava das outras (que vão desde o dirigismo estatal puro até ao liberalismo radical), pelo facto de implicar a existência das denominadas corporações.

As corporações eram corpos profissionais que assumiam o controlo dos principais aspectos da economia, ficando o Estado sem intervenção relevante a esse nível.
De acordo com o sistema corporativista, as corporações correspondiam a instituições que podiam ser de carácter económico: sindicatos (associações profissionais sectoriais cujo principal objectivo era a defesa dos interesses económicos e profissionais dos elementos que os compunham) e os grémios (associações de comércio, da indústria, da agricultura, etc.); moral: misericórdias, associações de assistência, etc.; cultural: atribuições de poderes às universidades, academias, etc.

O corporativismo, assumiu-se como um sistema de organização político-económico, em reacção ao contexto da época, com a 1ª Guerra Mundial, a crise de 1929-30 e a luta de classes fomentada pelo marxismo. O Corporativismo promovia a organização e união dos trabalhadores, propondo uma solidariedade entre os sectores da actividade e não a uma oposição entre eles. De facto, o contexto conturbado da época propiciou o aparecimento de experiências como o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão, muito diferentes um do outro.

O fascismo surgiu em 1919, tendo como líder o italiano Benito Mussolini, um veterano da Primeira Guerra Mundial. Originário da palavra latina “fascio littorio“, tinha como símbolo um feixe de varas amarradas e representava o poder da Roma Antiga em punir e decapitar os cidadãos desobedientes. Apesar de Mussolini ser um ex-socialista, o seu partido foi construído com grupos paramilitares contra políticos de esquerda, judeus, homossexuais, órgãos de imprensa e até mesmo contra a classe operária. O seu objetivo foi criar um regime totalitário de partido único, nacionalista, antimarxista e militarista.

Em 1922, o Partido Nacional Fascista (PNF) assumiu o poder na Itália, repudiando o liberalismo e o comunismo. “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado” foi a divisa de Benito Mussolini, numa política que pendia fortemente para uma grande autoridade centralizada.


Assim como o Fascismo, o Nazismo também defendia o controlo total do Estado pelo partido, um ultranacionalismo e o militarismo, acrescentando-lhe uma crença radical da superioridade da raça ariana. O Nazismo surgiu da abreviação do Partido Nacional-Socialista ou Partido Nazista alemão. O nacional-socialismo seria a tentativa de criar uma terceira via ao socialismo marxista e ao capitalismo liberal e quando Hitler exalta o nacional-socialismo como uma vertente do socialismo, não se refere à forma tradicional do socialismo marxista, mas sim ao socialismo como “exaltação do social”. Apesar disso, a ideologia rejeitava o conceito de luta de classes, assim como defendia a propriedade privada.

Em 1924, Hitler escreveu Mein Kampf (Minha Luta) onde delineou o cerne de sua filosofia política, bem como o seu desdém pela democracia parlamentar e a sua crença no direito da Alemanha expandir o seu território.

Em 1933, Hitler, com o apoio das elites alemãs, tornou-se chanceler e gradualmente estabeleceu um regime unipartidário e totalitário, onde judeus, opositores políticos e outros elementos vistos como “indesejáveis” eram marginalizados, escravizados, presos e assassinados. Em 1934, Adolf Hitler tornou-se o “Führer”, líder máximo que levaria a Alemanha e o mundo para a Segunda Guerra Mundial e aos horrores do Holocausto. Fascismo e Nazismo são hoje classificados como ideologias de extrema-direita.

Acresce que um outro Socialismose foi instalando na sociedade, através da classe intelectual e dos movimentos políticos da classe trabalhadora, criticando os efeitos da industrialização e da propriedade privada sobre a sociedade. Karl Marx afirmava que a luta de classes era responsável por essa realidade social, e este conflito inevitavelmente resultaria no socialismo através de uma revolução, seguida por uma ditadura do proletariado, originando um modelo essencialmente comunista, no qual deixaria de haver propriedade privada.

São exemplos deste regime a URSS, a China, a Coreia do Norte, Cuba e os países do Leste Europeu. Na actualidade, permanecem comunistas somente a China, Cuba e Coreia do Norte. Estes regimes, são classificados de extrema-esquerda.

Repor a Verdade, esclarecendo alguns pontos cruciais, é o imperativo ético que subjaz a estas crónicas.

*Enrique  Villanueva – Historiador e Investigador

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