Associação do Caniçal: Casa Convívio
No interior despovoado e envelhecido, ainda há quem se preocupe com os resistentes que ficaram a viver nas aldeias e proporcione o encontro com os que vivem na diáspora.
O Jornal de Proença foi ao encontro do Presidente, Luís Laia e do Tesoureiro, Luís Baltazar para perceber o trabalho discreto da Associação Cultural Recreativa e Desportiva Os Amigos do Caniçal Cimeiro e Fundeiro, concelho de Proença-a-Nova.
A Associação Cultural Recreativa e Desportiva Os Amigos do Caniçal Cimeiro e Fundeiro foi fundada a 18/10/2010 com o objetivo de criar um espaço que juntasse os dois povos e proporcionar o encontro entre pessoas, o convívio, e algumas infraestruturas que pudesse apoiar os residentes e suas famílias. Neste momento, vivem entre o Caniçal Cimeiro (13) e Caniçal Fundeiro (7) 20 pessoas. A Associação tem 84 sócios.
JP: Luís, o que é que te levou a assumir a direção da Associação?
Luís Laia: A Associação foi um desafio que me foi lançado. Não sou do Caniçal, mas os laços familiares traziam aqui, muitas vezes, ao povo e à Associação. O meu filho Rodrigo também me incentivou a agarrar este desafio agora que estou reformado. Sei que este trabalho é duro, que muito poucas pessoas estão disponíveis para trabalhar em prol desta causa e, dada a realidade dos sócios e dos povos, que não vai ser fácil a continuação deste trabalho a longo prazo.
Que atividades são desenvolvidas pela Associação?
As atividades têm dois segmentos. Num primeiro segmento, realizámos vários convívios para a população: sardinhadas, o tradicional convívio no último fim de semana de agosto, a inauguração das obras do largo da Associação, a homenagem aos sócios fundadores… Todas estas iniciativas envolvem ativamente os residentes dos povos na confeção das comidas e preparação do convívio e nos convívios. Num segundo segmento, tivemos a necessidade de melhorar a infraestruturas da Associação: fez-se um muro de sustentação da barreira, cimentámos o largo com vista a fazermos os convívios com a população, comprou-se mobiliário (mesas, cadeiras, pratos…).
A Associação está sempre aberta?
Graças ao Luís Baltazar, a Associação abre, todos os dias, das 12h30 até às 14h e das 16h45 até às 19h. Às vezes há convívios, futebol, e a Associação fica aberta até mais tarde. Aos domingos, abrimos para as pessoas que vêm à missa e, à tarde, para jogarem às cartas. No tempo da azeitona, há famílias que vêm fazer a sua campanha e organizam o almoço dos trabalhadores na Associação. Já tivemos uma despedida de solteiro, almoços de batismos, petiscos entre sócios e amigos… quando há velórios na Capela, a Associação é o apoio para as refeições da família enlutada. Há outras pessoas que estão de passagem por questões de trabalho e que param para tomar uma bebida e comer alguma bifana que tragam… Porém, temos tido dificuldade quando o Baltazar não está. Não temos recursos humanos para manter este dinamismo simples, mas que compromete e exige dos membros dos corpos diretivos.
Cada povo tem uma Associação. Como é a relação com as outras Associações?
A relação é ótima. Com a Associação do Vale da Carreira, nós participamos nas suas iniciativas e os residentes do Vale da Carreira participam nas nossas. Temos uma excelente relação com a Associação do Pinheiro Bravo do Vale de Água nomeadamente apoiamo-nos nos materiais essenciais para a logística dos eventos. Também temos uma excelente relação com os membros da Capela do Caniçal. Temos feito um trabalho complementar para os povos que vêm à Igreja: os Caniçais e o Vale da Carreira.
E quanto aos poderes autárquicos?
Desde o início, quer a Câmara Municipal quer a Junta de Freguesia de Proença, foram fundamentais para termos a sede da Associação e todas as atividades que desenvolvemos. O terreno para a sede foi dado e houve muitos donativos, mas a Câmara Municipal foi essencial para construir a sede da Associação. A Câmara Municipal desafia-nos constantemente a participar nas diferentes iniciativas culturais, mas não temos tido possibilidade dadas as características das pessoas residentes.
Como vês o futuro da Associação?
LL: Quero continuar a fazer da Associação um ponto de encontro, não só entre residentes, mas também com os filhos da terra na diáspora, com os amigos e com os que estão de passagem. Os convívios e almoçaradas proporcionam encontros de pessoas que não se veem há muito tempo. O nosso objetivo não é o dinheiro que fazemos com as iniciativas ou com o nosso bar. Esse é para pagar as nossas contas e obrigações. A prioridade são as pessoas e fazer da Associação a Casa Convívio que une os dois povos. No entanto, gostaria de aproveitar melhor o espaço atrás da Associação para arrumar materiais e fazer um pequeno jardim junto à sede.
Estou grato aos autarcas locais pela ajuda que nos dão e espero que nos possam continuar a apoiar. Também, aos sócios gostaria de agradecer o empenho dado em cada iniciativa e continuar a contar com eles porque a Associação não é a sede, o edifício, mas as pessoas que dão vida à sede com a sua presença e iniciativas. Conto com todos!
Há quem queira retomar a tradicional Festa do Caniçal… vamos ouvindo, conversando e dando ideias… A próxima atividade vai ser o magusto. Apareçam!